Mudanças já!

Todo esporte evolui. A maioria deles muda algumas regras para privilegiar a técnica ou, pelo menos, a competitividade. Já passa da hora do futebol fazer o mesmo.

A FIFA é toda cheia de frescura, dificilmente muda alguma coisa relevante. Mas eu acho que a coisa tá feia. Muito feia. O futebol de hoje é mais fácil pra quem não joga do que pra quem tenta jogar. As coisas precisam ser revistas, com urgencia.

Veja você que a safra de treinadores “questionaveis” até outro dia, hoje são os campeões de tudo. Note que os EUA chegam na final, que a Grecia ganha Eurocopa, que o Once Caldas chega, que quem melhor se defende tem mais vantagem do que aquele que joga.

E não há nada de errado em se defender bem. Há em notar que o “evitar o jogo”  está ganhando de quem “joga”. Não é esse o objetivo do futebol. O resultado se tornou o objetivo único, lamentavelmente. Mas, se por trás disso existe uma clara mudança na parte técnica e tática, é hora da FIFA mexer.

Os caras correm 200x mais do que quando fizeram estas regras. Logo, hoje o campo é pequeno. Permite a marcação e a anulação quase total de um adversário. A bola parada virou fonte principal de gols. E rodizio de faltas é estratégia de time campeão.

Tá tudo errado. Pode parar.

Os exemplos são interminaveis. Claro que numa Champions League isso pesa menos, ja que todos eles tem talentos individuais que deixam o jogo mais bonito mesmo sendo tático ao extremo. Agora, no país do futebol, a coisa tá mais feia ainda.

Aqui, em virtude do resultado, todos resolveram jogar pra ganhar de 1×0 na Bola parada. Quem não faz isso é “derrotado”, “pouco competitivo”, etc. Ou seja, os valores se inverteram. Cobra-se o 1×0, não mais que o time atue bem.

Vamos a dados relevantes:

O atual tricampeão brasileiro disputou 114 partidas para conquistar estes titulos.  No último, disputou 38. Destes, desafio qualquer um a achar mais do que 5 belas partidas (não contra times reservas) do campeão durante a competição. Não tem. Pode procurar, não tem. Se tiver, são 6. Não passa de 10 nem se você for muito apaixonado.

Em 2007, passa de 10. Mas não chega a 15. Em 2006 foi um pouco melhor, mas também não é um campeão que você guarde na memoria  a escalação e partidas memoraveis. São 114, me diga quais são as partidas que você vai contar pro seu filho quando falar do Tri? Os decisivos, só. Jogos tecnicamente brilhantes, não tem.

Os titulos estaduais estão sendo decididos com massacres sobre os pequenos. A partir do momento que o grande se submete a não jogar em virtude do resultado, o pequeno morre de vez.

O vice-campeão brasileiro de 2008 não jogava um futebol acima de nota 6.

Os que buscavam mais o jogo, Flamengo, Botafogo e Cruzeiro, sairam como “cavalos paraguaios” do campeonato.

É tudo muito voltado pra competição. E assim deve ser. Mas, ela deve priorizar a técnica, nào a força física e a parte tática somente.

Hoje é muito mais fácil você usar seu bom time pra não sofrer gols e achar um lá na frente do que fazer 3 e correr o risco de levar um atrás.

É mais prático. Dá muito mais certo.

O campo encolheu demais. Você passa 90 minutos na defesa e consegue não sofrer gols, mesmo que o rival seja muito melhor que voce.

É preciso pensar em algumas mudanças para adaptar o atual tipo de jogo ao futebol que todos nós gostamos. A FIFA precisa pensar no consumidor, não apenas na alegria do Manchester em vencer seus titulos de vez em quando ou na cota de TV.

Claro, pro Europeu isso facilitou. Talvez por isso a FIFA não faca nada a respeito.

Mas a evolução requer mudanças, sempre.

O impedimento, se ficar só dentro da área, pode abrir o campo.  Talvez o tempo cronometrado e parando quando a bola para seja um fator que prejudique os times que façam anti-jogo. Talvez, são só ideias.

Dez em cada lado, talvez.

Ou, pra aumentar a mudança tática no jogo e não ficar tão travado ao basicão, o quarto arbitro podia ficar 100% responsavel pelas alterações. E elas podem ser feitas ilimitadamente, com ele coordenando a entrada e saida, mesmo com a bola em jogo. Quem sai, pode voltar. Algo assim.

Sinceramente, não sei quais seriam as melhores opções. Mas deste jeito vão deixar o futebol mais chato do que ja está. E está muito feio de se ver.

A prioridade pelo “anti-jogo” é declarada. E já chega na arquibancada, na medida em que torcedores já pedem que o time “se feche mais’ ao inves de ficarem putos com a entrada de outro volante.

Como o arbitro, que determina a sequencia de um time na competição com um simples erro, pode não ser profissional???? Como o cara que conduz os milhões de cada time investidos não tem treino, concentração, etc? Ele determina o futuro do seu time “nas horas vagas”. Isso não existe.

Tá tudo errado.

É hora de mudar.

abs,
RicaPerrone