Modo Fábio Assunção

Antes de mais nada, sou desses que posso contar  que “já vivi na família caso de dependência química”. Logo, não precisa me mandar um estudo sobre ou algo do tipo.

Até gosto do Fábio Assunção. Jamais acharia maneiro ver um cara que admirava como ator virar esse personagem de auto-humilhação que se tornou. E sim, tenho pena e torço por ele. Só que mais uma vez o Brasil e especialmente a classe artistica inverte os valores por auto-promoção.

Se ele é vítima não é das drogas, mas sim de sí mesmo. Drogas não voam para as narinas enquanto você anda na praia. Elas são compradas de bandidos e usadas por diversão. Depois se tornam um problema.

Problema que o transforma em doente. Em vítima. Mas que para os lacradores do Projaquistão a história começa aqui, e não onde de fato começou. Porque ao citar o começo atinge bem mais que o Fábio, mas boa parte deles. Então ignoram.

Quando Fábio foi se divertir e comprar drogas ele deu dinheiro a um traficante que usou esse dinheiro pra comprar armas, talvez assaltar sua mãe no sinal, ou converter um menor ao crime.

A mãe desse menor é a primeira vítima. A sociedade é a segunda. E o Fábio é o financiador desse problema por diversão incialmente. Então, separando a discussão de legalização que inclusive sou a favor, o fato é que se há uma vítima e um vilão nessa história não é bem quem sacaneia e o dependente.

Fábio deu dinheiro pra bandido por diversão. Esse dinheiro nos atingiu como sociedade de alguma maneira. E agora que ele perdeu o controle a sociedade é a vilã que está rindo demais de quem virou vítima?

Calma lá.

A zoeira com o cara é errada. Também acho. Mas vítima é dona Maria que ao voltar do trabalho tomou um tiro de um bandido armado pelo traficante que vendeu a droga pra ele “zoar” numa festinha qualquer há alguns anos.

Só que se você voltar nesse ponto pra determinar os verdadeiros vilões e vítimas você não atira no Fábio, mas sim em boa parte da classe artistica.  Então eles criam uma versão e propagam se isentando de estarem fazendo rigorosamente a mesma coisa só que sem terem ainda virado “vítima”.

Outro dia um artista que já foi meu amigo disse no projac: “O Rica virou um cuzão”.

Porque quando ele comprou policia por dirigir bebado eu não fiz nada. Porque quando ele traia a esposa eu não fiz nada. Porque quando ia usar drogas com políticos corruptos eu não fiz nada. Aliás, dei carona.

Mas um dia ele foi na passeata pela Marielle. E então eu perguntei no whatsaap: “Voce??!? Revoltado com milícia, político e traficante a favor da mulher brasileira?”.

E eu virei um cuzão.

Não seja cuzão. Bata desde o princípio. Aí você evita 3 vítimas e não cria a sua de estimação pra lacrar na rede social. Artistas interpretam. Não confunda com a verdade. Eles tem uma vida completamente diferente da de todos nós. São ídolos cedo, ganham dinheiro, tem seus egos sustentados por tapa nas costas e fama. Suas idéias sobre o mundo tem poder de alcance, mas passam longe de ser referência de realidade na medida em que são possivelmente as pessoas que passam mais tempo longe dela.

Força, Fábio! Mas também a Dona Maria, que perdeu o filho pro tráfico quando o Fábio deu dinheiro pra eles se fortalecerem enquanto ele se divertia na noite.

RicaPerrone