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Zé, precisamos conversar!

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Zé, precisamos conversar!

Zé, o Mayer fez merda. Eu não vou entrar nos méritos da carta ser ou não de verdade, simplesmente porque me obrigo a acreditar nela.  Como me obrigo a confiar em alguns políticos, em imaginar que as pessoas doam por caridade e não por marketing e que juiz de futebol erra sem querer.

E então logo você me pergunta: Você é ingênuo ou burro?

Nem um, nem outro, Zé.

Eu me dou o direito de continuar vivendo. Apenas isso.

E para que eu levante da cama todos os dias e possa sair da minha casa e encontrar pessoas eu preciso acreditar nelas.  Eu não posso discutir política se não acreditar que haja alguém de fato interessado em fazer a coisa certa.

Nunca mais assisto futebol se eu achar que os juizes manipulam os resultados de propósito. Não faria sentido.

Viver não faz o menor sentido quando você faz o certo e acredita que só quem se dá bem é quem faz errado.  Não há paz e esperança a nenhum ser humano que se desiluda ao ponto de “desistir” das pessoas.

O Mayer disse que entendeu. Que errou feio, comentou sobre o machismo no qual a geração foi criada, e eu até aí entendo. Ter tocado na menina muda todo o contexto e encerra qualquer tentativa de “ah mas talvez ele…”. Não. Ele errou. Ponto.

O que vem após o erro me preocupa.

O massacre, o pedido de desculpas, uma carta com algum entendimento sobre o problema e mais porradas: “É mentira”. “Foi a assessoria!”. “Ele não se arrependeu nada!”.

Porque aí, mesmo que vocês possam estar certos…. fudeu!

Zé, imagina se toda vez que você errou e se arrependeu o mundo não te desse esse crédito?  E eu não estou falando em não pagar pelo que fez. Estou falando em boa fé de acreditar que ele possa mesmo ter pedido desculpas de coração aberto.

A partir do momento que a gente proíbe as pessoas de se arrependerem, de pedirem desculpas e de entenderem o erro, nós estamos condenando pessoas a pena de morte e não buscando evolução.

O caso Mayer é importantíssimo! Talvez você não perceba, mas é preciso que aconteça com um Mayer pra que se discuta, amplie o discurso e o entendimento por consequência.

Eu nunca vi alguém deixar de ser racista porque um negro gritou “CHEGA!”.  Mas já vi dezenas porque entenderam aos poucos que estavam errados.

Na porrada não se muda a conciencia. Se muda a atitude. É o que queremos que o machismo exista mas fique escondido? Ou a luta é para que ele não exista mais dentro de nós?

Não há vitória quando se impede o machista de expor seu machismo. A vitória é quando ele entende o erro e muda de opinião. Quando a gente não dá fé à tentativa de corrigir o erro, estamos lhe dando a única opção possível: a morte social.

Fiquem putos com o Mayer. Mas não duvidem do seu arrependimento. Ou então, pelo que estamos brigando? Se errar não pode, se arrepender não presta, se desculpar é hipocrisia e dizer que entendeu o problema é assessoria de imprensa, qual a opção que resta para o Mayer? O suicidio?

Um massacre por dia nas redes sociais. Uma vida rotulada pra sempre todo santo dia. Será que a gente também não passa do ponto não, Zé?

abs,
RicaPerrone