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Youtubers: é melhor que querer ser paquita

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Youtubers: é melhor que querer ser paquita

Uma dose é mero recalque por ver “pivetes” com um celular virado pra eles ficando ricos, a outra é vontade de criticar. Algumas críticas são justas, algumas preocupações também. Mas na real, qual o problema em ser youtuber ou ver as crianças desejando ser como eles?

Qual a novidade, na verdade?

Eu não assisto nenhum quase. Entendo que o youtube é quase um Netflix Kids.  Feito 90% pra crianças e adolescentes e que os números atingidos por eles camuflam a real importância de alguns conteúdos. Exemplo: A sua referência é um video de baboseira de 10 milhões de views. Logo, qualquer vídeo de 200 mil views é um número baixo.

Não é. São 200 mil adultos, dependendo do que você anuncia ou busca, é um número relevante. Mas isso também não é culpa deles, nem chega a ser novidade.

O que minha geração queria aos 8 anos era ser Paquita. Dançar pra uma apresentadora de TV mostrando as pernas.  Os meninos, jogadores de futebol. E isso acho que mudou pouco.  Mas é realmente preocupante pra você que o tempo que você gastava vendo o Sérgio Malandro gritar na Porta dos desesperados seja gasto com um garoto de 20 ou 30 anos falando sobre… política, preconceito, etc?

Mesmo que você discorde dele. É quase impossível a gente não concordar que é mais interessante pra uma criança pensar no que diz um youtuber do que na disputa entre Mara, Angélica e Xuxa. Se é um absurdo pra você um cara de 30 anos ser o exemplo pro seu filho, era também pra nós quando as paquitas aos 19 eram o sonho das nossas irmãs.

É natural. Troca-se a mídia, trocam-se os protagonistas.

Eles não são eternos. Os mais inteligentes deles tem uma função e não um canal. A maioria talvez tenha um canal. Não sei, não acompanho o suficiente.  Mas a Kéfera, por exemplo, é atriz. Não “youtuber”.  O Whinderson é “humorista”, não youtuber.

O uso da ferramenta não pode estar a frente do que a pessoa está propondo. O “Mamãe Falei” é um canal de política. Talvez hoje ele influencie tanto quanto o colunista do Jornal da Joven Pan quando eramos jovens.

O rótulo “pagodeiro” usado com menosprezo também atinge o “Zeca Pagodinho”.  O que torna o rótulo uma idiotice.  E usar o “youtuber” para menospreza-los é tão tosco ou mais do que pular na banheira de nutella. Afinal, não é necessário um conteúdo inteligente para ser conteúdo.  Existe algo chamado “entretenimento”.

O papo “a tv não presta” é tão hipócrita quanto. Ouvimos por 20 anos que bom era a TV Cultura. A Globo uma bosta. E ela dava 60 pontos, a cultura 0.5.

Existe youtuber ruim, youtuber bom. O youtuber é que talvez não exista.  Atrás do meio que usam há atores, administadores, apresentadores, humoristas e muito mais. Uns com futuro, outros não. Tal qual toda música que dançamos quando jovens, milhares de celebridades que acompanhamos quando garotos e que hoje são representados por esses meninos de camera nas mãos.

Eu não assisto muito porque me acho velho demais para induzir minha linha de raciocinio por garotos mais novos direcionando a linguagem para adolescentes.  Mas eu não acho que minha irmã era menos fútil que hoje por ela querer ser paquita enquanto seu filho quer ser o Felipe Neto.

abs,
RicaPerrone