Xadrez no Maracanã

Com grande público, expectativa de liderança de um lado, confirmação de boa fase de outro, dois treinadores rivais, identificados com as mesmas torcidas e ainda com toda a importância das duas camisas. O jogo de hoje no Maracanã prometia.

Se não foi um espetáculo, e não foi mesmo, acabou sendo um baita jogo de xadrez. E neste, deu Muricy.

A aposta é simples, quase repetitiva.  Muricy posta seu time na defesa, deixa tudo fechadinho e se arma para contra-atacar ou achar um gol de bola parada.

O Cuca, sabendo disso, fez o oposto. Colocou seu time pra agredir o Fluminense na tentativa de fazer 1×0 e acabar com toda estratégia do Fluzão.

Ali, um defendia, o outro criava. Gilberto era o fator de desequilibrio entre a defesa tricolor e o ataque cruzeirense. Mas, quando Cuca levava vantagem, o azar apareceu.

Gilberto sente e deixa o time. Entra Marquinhos Paraná. Adeus imprevisibilidade. O Cruzeiro é rápido, agressivo, mas é previsível agora.

E ser previsível pra cima do Muricy é quase um pedido para ficar na forte marcação que ele costuma armar.

O Flu não conseguia criar, pois equivocadamente o treinador escala 3 zagueiros e ainda prende Diguinho. Se com 3 beques e 2 volantes seus laterais não vão a linha de fundo, então qual a vantagem ofensiva neste esquema?

Não há. Acostumem-se, é assim.

Na segunda etapa, quando o jogo começa a ficar equilibrado e o Cruzeiro já sem seu “algo mais” na criação, o Flu faz de bola parada. Assim, tudo fica perfeito.

O time que não sabe agredir, mas se defende bem e contra-ataca com objetividade agora tem espaço e o placar nas mãos.

Cabe ao Cuca uma tentativa de buscar o empate. E aí, numa escolha infeliz, o Cruzeiro foi desmontado pelo próprio técnico.

Ao tirar Fabrício e colocar o Robert, Cuca deixa o time mais ofensivo. Porém, são 3 jogadores que esperam a bola chegar. Se não há meias para fazer ela chegar, porque sacar um volante e com isso impedir que os laterais tenham espaço? Quem, afinal, daria essa bola aos 3 atacantes que lá estavam?

Ali o Cruzeiro deixa de ser um time perigoso para ser um monte de jogadores na frente sem conseguir chegar com a bola nos pés. O Flu, fechadinho, faz o dele e se defende sem vergonha nenhuma de não tentar o segundo gol.

E assim, sem surpresas, Muricy deu xeque-mate.

Fluzão na liderança, à la Muricy.

abs,
RicaPerrone