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Vem aprender com a Beija-Flor

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Vem aprender com a Beija-Flor

Algumas escolas geram antipatia na medida em que ganham carnavais em sequência.  A Beija-Flor já teve a minha em alguns momentos em entrou na avenida, não se arriscou em NADA, nem paradinha fez. Mas fez pro jurado dar 10 e ganhar.

Hoje a Beija-Flor passou na avenida para falar por todos nós brasileiros de forma impecável, educada, inteligente e ampla. Tocando na ferida, em todos setores possíveis da sociedade, e sem fazer a burrice que fez a Tuiuti de escolher uma metade pra agredir.

Não a toa uma é Beija-Flor, a outra Tuiuti.

A letra do samba é daquelas que humilha a turma do “samba enredo é tudo igual”.  Uma aula, algo que poderia ser pendurado na parede do congresso nacional em forma de quadro. Sutil, inteligente, brilhante.

Toca até em religião sem ofender ninguém. É dificílimo citar uma virgula sobre religião sem que um bando de pessoas te odeiem em nome de jesus pro resto da vida. A Beija-Flor conseguiu.

Talvez o título fique com o Salgueiro, também ótimo na avenida. Talvez com a Mangueira, que fez uma crítica mais direta a um alvo só, mas também muito bem feita. Talvez a Portela, que não criticou ninguém mas fez a Sapucai levantar pela primeira vez em 2018.

Mas pelo momento do país, pela porrada dada de qualquer jeito no domingo pela Tuiuti e pela elegancia do que fez a Beija-Flor, eu espero ver esse título em Nilópolis.

Pra quem não ouviu o samba, faça melhor do que ouvi-lo: interprete-o. É brilhante!

Sou eu
Espelho da lendária criatura
Um monstro
Carente de amor e de ternura
O alvo na mira do desprezo e da segregação
Do pai que renegou a criação
Refém da intolerância dessa gente
Retalhos do meu próprio criador
Julgado pela força da ambição
Sigo carregando a minha cruz
A procura de uma luz, a salvação!

Estenda a mão meu senhor
Pois não entendo tua fé
Se ofereces com amor
Me alimento de axé
Me chamas tanto de irmão
E me abandonas ao léu
Troca um pedaço de pão
Por um pedaço de céu

Ganância veste terno e gravata
Onde a esperança sucumbiu
Vejo a liberdade aprisionada
Teu livro eu não sei ler, brasil!
Mas o samba faz essa dor dentro do peito ir embora
Feito um arrastão de alegria e emoção o pranto rola
Meu canto é resistência
No ecoar de um tambor
Vêm ver brilhar
Mais um menino que você abandonou

Oh pátria amada, por onde andarás?
Seus filhos já não aguentam mais!
Você que não soube cuidar
Você que negou o amor
Vem aprender na beija-flor