Tá na cara

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Tá na cara

É preciso pouca sensibilidade pra olhar em volta e perceber algumas coisas. Enquanto discutirmos tática, modernidade, estrutura, cbf e a puta que pariu, vamos passar batido pelo que de fato tem sido determinante nas dezenas de passes de 3 metros que erramos.

Convenhamos, se todos eles jogam no brilhante futebol europeu, o fato de errarem passes toscos de 3 metros não diz respeito a qualidade deles, nem a questão tática. Algo além disso ronda a seleção.

Olhe pro Chile.

O time entra sorrindo, a torcida vibrando, a imprensa gritando, os jogadores mordendo os lábios para fazer história.  Isso se chama confiança e, mais do que isso, desejo.

Qual o desejo do chileno? Fazer história.

Qual o desejo do brasileiro? Evitar vexames.

Eles entram sérios, tem medo de arriscar, fazem o mínimo possível pra não ter “culpa” numa eventual cagada. O Brasil entra em campo pra não perder.  Entra pra se defender.

Não do Chile! De mim, de você, de todos nós. A seleção pega o avião da Europa pra cá de cara fechada. Porque deixam seus clubes onde são ídolos pra vir aqui ouvir que são fracassados, a pior geração e que vamos perder.  Pra serem atrelados a dirigentes e questões políticas.

Qual o sentido de estar na seleção?

Servir seu país, ser amado, aplaudido, ter a chance de escrever história e ser notável.  Qual é a realidade imposta pra eles hoje? Venha ser vaiado, cobrado, ofendido e ouse não jogar bola pra ver o que te acontece.

Essa é a nuvem que carregam sobre eles.  Está uma merda ser convocado pra seleção. Está uma merda torcer pra seleção. Está uma merda discutir todo santo jogo do Brasil com centenas de jornalistas estúpidos e torcedores adestrados sobre se devemos ou não torcer pra seleção.

Ora, meu Deus! Que dúvida é essa?

A mesma que um deles tem quando olha pra bola e pensa em partir pra dentro. “Eu? Nem fodendo! Se eu errar sou um lixo e dependemos do Neymar”.

Do lado de fora só tem tiro voando. Ninguém vai botar a cara pra fora.

Erros táticos, técnicos e o escambau se justificam com treinamento, convocações e métodos. Erros de 3 metros de jogadores mundialmente consagrados, não.

Jogamos muito mal. Mas eles não jogam só isso. E todos nós sabemos disso.

Armas no chão, senhores. Ou terça-feira será pior, pois será literalmente na casa do nosso maior inimigo: o Brasil.

abs,
RicaPerrone