Só futebol

Eu sei o que você quer ler, vascaíno.  Mas por ter a obrigação de estar entre a paixão e a razão, não direi.

Se eu fosse vascaíno, também iria questionar a honestidade de todos os arbitros do mundo e a má fé deste sujeito que esperou calculadamente os 45 minutos do segundo tempo porque a coxa do zagueiro ia doer, a bola ia na trave e o bandeira ia errar.

Claro. Era óbvio que estava tudo armado.

Da mesma forma como não espero que o rubro-negro faça outra coisa que não ‘dar risada’ e sim, comemorar o “roubo”. Afinal, se fosse do ouro lado, você também o faria. Como todo torcedor faria.

Quem não disse: “Ganhar com gol roubado aos 45 do segundo tempo é mais gostoso” uma vez na vida?

Pois bem. Aqui está. E deliciem-se sobre a revolta alheia, que pode ser tão prazerosa quanto o título do seu próprio clube.

Sejamos honestos com a situação. Houve um erro, nenhum indício de “má fé”, ajudando o mesmo lado do primeiro turno, o que causa revolta, vontade de morrer, desistir, desconfiar, etc.  Já senti tudo isso.  Não precisa me explicar.

Mas daí a contestar o caráter de quem “comemora titulo roubado” como vejo a rodo nas redes sociais… vamos devagar, né? Você seria tão mau caráter quanto se a bola tivesse entrado pro outro lado num erro do juiz.

É só futebol. Um erro do bandeira, que provavelmente ficou muito focado na bola pra ver se ela entraria em virtude do primeiro jogo do turno do que na área. E então, não viu.

Nem ele, nem você, nem nenhum jogador do Vasco. Ninguém viu antes da Globo mostrar o replay e dizer o que houve.

Isentar o trio de arbitragem? Jamais! São culpados pelo resultado do campeonato. É incontestável o erro e a mudança de rumo do título.

Mas daí a tornar a sacanagem alheia numa questão de caráter ou pedir que repitam oficialmente na mídia o que irresponsavelmente clama o seu coração “roubado” é um pouco de exagero.

Não há cidadão no mundo capaz de organizar tal complô entre bandeira, zagueiro, linha burra e juiz de fundo.

Não, não acredito em manipulação. Se acreditar, não posso fazer o que faço. E você, calmo, amanhã a tarde, se ainda assim tiver “certeza” de que há, és um tremendo babaca se ligar a televisão na quarta-feira a noite.

É só futebol.

abs,
RicaPerrone