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Sem pelo em ovo, Santos campeão!

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E para a surpresa de muitos teoricos do nosso futebol moderno, o time que joga futebol também vence campeonato. Com direito a final dramática, com o risco claro de ter uma derrota “injusta” no final e com todo sofrimento imponderável que tem direito o torcedor, o Santos é o grande campeão paulista. Campeonato chato, sem graça, sem importancia atualmente, mas que os meninos da Vila conseguiram transformar numa grande conquista.

O caneco não passará a valer mais do que um mero falido estadual. Mas a história do futebol não vive só de almanaque. Vive, também, de paixão.

Foram 4 meses do mais belo futebol. De lances mágicos, de garotos marrentos, imprevisiveis, folgados e não se amedrontaram com nada, nem mesmo com a ondinha dos “quero ver perder” que foi aumentando na medida em que os argumentos sumiam.

A cada drible, um “bla bla bla” a menos. A cada gol, morria um desacreditado e surgia um novo admirador.

Assim foi o Santos 2010, até aqui.

Time que entra em campo para peitar o jogo, honrar a camisa e principalmente: Sua história.

Time grande não pode entrar pra achar resultado. Tem que entrar pra jogar bola, e ninguém fez isso melhor que o Peixe na temporada.

Com sustos no fim, que pra muitos representam “pipocagem”, e pra mim o mero resultado de qualquer time que tenta se expor ao futebol e suas injustiças. O Santos foi um time de futebol nato, daqueles que corre o risco de perder diversas vezes, mas que tenta sempre fazer mais.

Daqueles raros hoje no mundo.

Se perdesse hoje, e torci muito pra que não acontecesse, surgiriam mais e mais Muricys e Parreiras, insistindo na tese de que futebol se ganha jogando feio e mal.

Não se ganha, não. Se ganha como homens, ousando e buscar o melhor dentro do jogo. Peitando o adversário, correndo riscos, agredindo e buscando sempre mais.

Perder é do jogo, e se o Peixe perdesse hoje não veriamos uma torcida “puta”, mas sim uma torcida “triste”.

E é exatamente isso que o futebol deveria causar. Mais nada.

Infelizmente, hoje causa muito mais do que isso.

Garotos marrentos que hoje foram homens. O expulso, era um experiente jogador. O que recuou o time, um experiente treinador. Os garotos lá estavam para dar toques de calcanhar e ver, dos pés de RObinho, Neymar e Ganso, os 2 gols do título. Como era de se esperar, ou de se torcer pra confirmar.

O juiz errou? Errou. Pros dois lados. Teve gol anulado pra lá, penalti não marcado pra cá. Teve duas expulsões idiotas que mudaram toda a cara da partida. Discutir em campo agora é pra vermelho?

E diante deste drama que se tornou o jogo, a justa exaltação ao Santo André, que foi um time valente e nada bunda mole, como a maioria dos grandes hoje se porta.

Justa até a página dois. Pois também é de se registrar que quando fez 3×2 e teve um a mais em campo, em  momento algum foi pra cima fazer 4 e vencer. Ficou esperando, mais marcando o Santos do que tentando ser campeão;.

Natural, é um time pequeno, estava assustado com o que estava conseguindo fazer. Foi guerreiro demais, jogou o fino da bola, mas também não “quis” decidir.

Os “moleques” da Vila prenderam a bola, fizeram cera, tudo aquilo que tanto exaltam por ai. Com 8 em campo, nenhum time ia agredir o adversário. O Santos é apenas mais um deles.

A atitude de Ganso no final mudou meu conceito por completo. Até hoje eu achava que o Neymar, mesmo mais novo, tinha mais personalidade. Achava o Ganso caladão demais, com jeitão de quem poderia tremer na seleção.

Hoje, mostrou o contrário. Me enganei. É um rapaz pronto, cheio de personalidade e que chama o jogo pra ele. Coisa que o 10 da seleção, por exemplo, nunca fez, diga-se.

Atitude de muita coragem a dele de se bancar em campo. E de muito bom senso do Dorival em não interpretar como rebeldia, e sim vontade de ajudar e ganhar. Fosse outro, tiraria e amanhã ainda puniria o jogador, só pra aparecer.

O Santos foi a alma do futebol brasileiro resgatada durante 4 meses. Nosso futebol moleque, atrevido, irreverente e ousado.

Titulo mais merecido que este não há.

Parabéns, Santos!

E obrigado. Há algum tempo os amantes de futebol não viam nada parecido.

abs,
RicaPerrone