Salvem-nos!

Caro torcedor rubro-negro,

Venho por meio desta implorar para que faça dos 90 minutos de amanhã no Engenhão um festival de palavrões e insultos do mais baixo nível. Sugiro ofensas a mãe do craque, a história do Atlético, ao trio de arbitragem e a cada jogador adversário que ousar tocar na bola.

Mosaico, porque não? Daqueles enormes com um palavrão impublicável nas grandes mídias.  Coros que nem o mais avançado microfone da Tv será capaz de esconder do torcedor de sofá.

Atleticano, devolva! Chame-os de mulambo, favela, citem o Bruno, o jogo de 81, tudo que for possível. Sacaneiem a crise, a distância da série B, falem dos salários atrasados e vaiem o tempo todo.

E você, Ronaldinho, sujeito pelo qual guardo meu direito de sentir desprezo, faça o que todos nós esperamos de você. Ou sinta a pressão e cale-se, esconda-se perto do bandeirinha como tantas vezes já fez e não toque na bola, dando vitória aos insultos rubro-negros, ou devolva.

Faça o seu, dê a vitória ao Galo e faça gestos pra ironizar a torcida do Flamengo.  Deboche, rode a camisa, comemore no centro do gramado e diga na entrevista que “chupa” pra quem torceu contra.

Sejam naturais, joguem futebol, convivam num ambiente sagrado criado por nós, apaixonados por este esporte.

Não briguem, isso nunca foi permitido nem por nós mesmos. Mas cheguem o mais perto possível do limite.

Estamos num dia de guerra. Hoje fomos atacados pela silenciosa e cruel ditadura dos moderninhos intelectuais de condominio fechado. É preciso contra-atacar.

Eles disseram (aqui está) que não podemos mais viver como quisermos em nosso habitat natural.  Querem nos impor leis de fora, regras criadas e conduzidas por gente que não é do nosso planeta.

Façam, atleticanos e rubro-negros, com que o nosso direito seja preservado. Gritem, xinguem, se ofendam, aguentem a gozação, se irritem, e saiam de lá satisfeitos por terem ido a um estádio de futebol. Não a um teatro.

Contamos com vocês.

Ass,
RicaPerrone e todos os torcedores do país que entendem o futebol como futebol, não como balé.