Salve-nos, Felipe!

Eu já não via esperanças quando ele voltou.  Achei que estavamos fadados ao futebol de Sandys de chuteiras, os gols todos marcados pelo nosso senhor Jesus e mais nenhuma irreverência, ousadia e alegria.

Ou melhor, “ousadura”.

Felipe é a melhor coisa que tem acontecido por aqui. Não exatamente pelo que joga, embora seja muito bom jogador, mas pela coragem de não ser o merda que esperam que ele seja.

Sim, uma pessoa que é o que esperam que ela seja é um merda.

Entre acertos, exageros e erros grotescos, Felipe destoa por ser comum.  Assumir o sangue quente, reconhecer que perde a cabeça, manda jornalista pra aquele lugar quando acha que tem que mandar e segue o jogo.

Alguns processam. Felipe responde.

Eu não vou entrar no mérito indiscutível da década que é sobre o mimimi. Mas ver um negão ganhar um jogo, meter o dedo na cara de um racista e mandar que ele tomou chifre de um negão é MUITO mais moralizador pra sociedade do que qualquer processinho.

E a coragem de arriscar ser mal interpretado? E as consequências?

Dane-se as consequências! Ele é isso, e vai errar muitas vezes. Mas vai errar sendo o que ele é, não o que a mídia espera que ele seja ou que tem como manual o bom exemplo.

Felipe, você que nos “fudeu” em 2010, está nos ajudando muito em 2017.

Quem diria?

O Dunga, talvez. Aquele… Outro que não é o cara que você queria e, talvez por isso, você o odeie.

Eu não gosto de algumas pessoas. Mas gosto tanto de não gostar delas por elas serem o que eu não esperava que quase as amo.

abs,
RicaPerrone