Pobre Joel…

O sonho alvi-negro ainda é possível, mas cada vez mais complicado. Se Joel Santana acertou em ter continuado no clube e confiado que este time poderia lhe colocar na briga pelo título, não contava com tanto azar.

Mas diz o ditado que “tem coisas que só acontecem com o Botafogo”, não é mesmo? Então, quem sabe o título não seja possível mesmo diante de tantas dificuldades. Pobre Joel, esse está tendo trabalho…

É fácil você falar que “falta elenco” ao Botafogo e por isso o time não tem mantido a briga entre os primeiros. É moleza analisar assim, afinal, quando comparado a outro time, nem sempre as peças se parecem. Menos ainda a importancia delas.

Tira o Montillo e o Thiago do Cruzeiro e manda ele ganhar todas. Vai lá no Corinthians, saca Jucilei e Elias, coloca Edu e Paulinho e pede pra manter a liderança.

Ou no Flu, que se dá ao luxo de ter 2 meias, mas veja o que aconteceu quando perdeu Emerson, até encontrar no Rodriguinho um jogador pra fazer a função.

A peça é substituível, o problema é o quanto ela prejudica a engrenagem toda.

O Botafogo tem um time para, arrumadinho, chegar na briga. São 3 pilares: A zaga forte e reforçada com 3 beques, a velocidade de Jobson e Maicosuel, e os gols de Abreu.

O Fogão é isso, estas são suas armas, é assim que ele briga pelo título. Machuca o Somália, volta o Cordeiro. Machuca o Cordeiro, improvisa o Somália. Sai o Fahel, empurra o Guerreiro pra zaga, enfim, são todos jogadores “comuns” que podem ser “substituidos”.

O mesmo não se aplica a Jobson, Maicosuel e Abreu.

Joel perdeu, outro dia, o Somália, o Herrera e o Cordeiro. Jobson ficou fora um tempão, e mesmo assim, com queda natural de rendimento, o time se manteve na briga esperando a volta dos titulares.

Jobson volta, Abreu não joga.

Abreu voltará, e o Maicosuel tá fora.

É possível ser competitivo sem eles? Claro que é, o problema é que você quebra toda filosofia de jogo com uma mexida dessas. Tirar o Herrera e colocar o Edno, muda, mas muda pouca coisa. Tirar o Maicosuel e meter o Lucio Flávio…. aí muda tudo.

O Botafogo retoma a bola e sai rapidamente com estes caras. Se não pela técnica dos laterais/volantes, pela velocidade deles até chegar no Jobson ou Maicosuel. Agora a bola vai parar no meio campo e o time terá que se postar na frente pra criar jogadas de gol.

Lucio Flávio dá ao Fogão a bola parada, que com Abreu pode funcionar, mas tira do time a velocidade no contra-ataque e a movimentação do único “meia” de criação do time.

É naturalmente mais fácil parar o Botafogo. Marcar o Maicosuel não é fácil, já o Lucio Flávio…

Não são peças o problema. A característica de um time que joga dentro da sua limitação é que é fundamental. O Bota não tem 5 alternativas de como jogar para vencer. Tem uma, duas talvez. E se elas sumirem, não há técnico que resolva.

Quando saiu o Jobson eu achei que até dava pra manter um certo nível em virtude da velocidade do Maicosuel. Agora, sem ele, ou recua o Jobson pra meia (que é o que eu faria), ou reza pro Lucio Flávio estar iluminado.

Pobre Joel, tendo que adaptar o Fogão toda semana a uma nova característica.

Mas quem duvida do “Papai Joel”?

abs,
RicaPerrone