Pipocar

Pipocar é um termo do futebol. Significa, ainda em tempos modernos, sair de uma dividida, tremer diante de uma responsabilidade ou não se apresentar num momento difícil.

Ronaldinho Gaúcho é um craque, o que não o isenta da fama de “pipoqueiro”. Fama que, justa ou injusta, não mexe na outra, de “craque”.

Pipocar não quer dizer que todas as possibilidades serão jogadas fora ou que todos os jogos não terão participação relevante do jogador em questão.

Seja ele Kaká, Ronaldinho ou Luis Fabiano, casos mais famosos de “pipocagem” no país.

Sem muro, devo afirmar que concordo com os 3.

E quando um jogador decide contra o Boavista, não quer dizer que ele deixou de ser pipoqueiro. Quer dizer que, naquele dia, não pipocou.

E, de novo, entendo que “pipocar” é um traço de personalidade, não uma falha técnica.

Ronaldinho, coadjuvante, resolvia. Quando obrigado a resolver, nem sempre.

Kaka, camisa 8, é brilhante. Kaka, camisa 10, com o time dele perdendo, some no campo.

Luis Fabiano, mais expulso do que artilheiro em jogos decisivos em sua história no São Paulo, não tem grandes argumentos para rebater a fama que levou.

Fez 100 gols. É um grande jogador. Mas, falhou nos momentos onde o futebol exigiu que ele fosse de PERSONALIDADE diferenciada.

Talento com os pés não significa preparo mental para tal situação.

E repito: Não é condenável. É constatável.

Ronaldinho Gaúcho é um cara diferente. Ao contrário do Adriano, que adora ser criticado, ele baixa a cabeça fácil.

O que não o torna menos jogador que o Adriano. O torna, porém, mais sensível a uma queda de rendimento.

Idem pra Ronaldo, que questionado ou não, é capaz de arrebentar um campeonato e decidir os jogos mais dificeis.  Este perfil não cabe tão bem ao Kaka ou Luis Fabiano, que talvez façam 20 gols na temporada, mas não aqueles 2 que decidem tudo.

Entre craques, grossos e pipoqueiros, o futebol tem espaço pra todos eles.

Eu não dou um pênalti pro Ronaldinho cobrar aos 45 do segundo tempo. E não condeno quem dá, afinal, ele ganha pra ser “o cara”.

E é ai que eu acho perigoso dar a ele a condição de capitão e de “salvador da pátria”, pois ele não lida bem com ela.

Não preciso ir longe pra recordar que os 3 citados no texto, quando na seleção, quando perdendo um jogo importante, desapareceram do campo.

Ao contrário de alguns outros, infinitamente menos talentosos, porém, que tem o poder de segurar a pressão.

Raí, que nunca brilhou na seleção brasileira, foi o que foi não pela sua super técnica, mas pela sua incrível capacidade de liderança e decisão.

Zico aliou as duas coisas, e foi o Pelé branco.

Se Ronaldinho for peça de uma engrenagem, é brilhante. Se Luis Fabiano for “um centroavante” é fantástico. Se Kaká for “um camisa 8”, idem.

A qualquer um deles, até hoje, a condição de “resolva sozinho” nunca caiu bem.

O que também não está determinantemente cravado na história, já que os 3 tem idade para ainda mudar essa imagem.

E não, não acho que o Ronaldinho mereça ser questionado por um penalti. Só posto isso pela reação quase doentia de alguns no twitter quando questionei a capacidade de administrar momentos decisivos em sua carreira.

Em 2002, quando “parte do timaço”, ele brilhou. Em 2006, quando “dono do timaço”, sumiu.

É isso que o Flamengo precisa evitar.

abs,
RicaPerrone