Os “bandos de loucos”


Existem estudos que explicam isso de forma mais técnica, mas vou tentar traduzir pro popular.  Quando o ser humano forma um grupo em apoio a alguma coisa (clube, partido político, religião, etc) ele o faz com uma intenção primordial que é simples e objetiva.

O passar do tempo faz com que aquele grupo tenha inimigos, adversários e oposição. E então o “bando” se une pra se defender dos demais. Unidos, com relações pessoais envolvidas, estando muito mais ali do que próximo a causa inicial, troca-se a causa.

Em resumo: O torcedor entra pra organizada pra apoiar o time. Bate, apanha, viaja, faz amigos, briga em casa, luta pela torcida e quando vê faz mais parte dela do que do enorme e disperso grupo de “torcedores do time X”. E então inverteu-se a lógica na cabeça dele sem que ele percebesse. Não é mais um torcedor. É um membro de um bando.

Pode levar isso pra onde você quiser. O petista era Lula, era PT, hoje é uma gangue que briga contra os fatos se necessário.  Os fãs clubes de pessoas polêmicas idem. Em determinado momento eles deixam de tentar falar pelo ídolo e começam a defender o seu clã.

Em bando, todo mundo é mais forte, mais corajoso e tem menos defeitos. E se os tiver, tem quem os encubra pra você. O bando é uma formação humana que não deu certo. Quase todo bando um dia se perde em seu próprio ideal. Simplesmente porque a vaidade e o ego são maiores do que qualquer causa.

E não me refiro a “eles”. Me refiro a “nós”.  Porque se um dia você me xingar por uma discussão sobre futebol e dois amigos seus me defenderem até virar uma briga, você vai me odiar por tabela pra sempre e juntar pessoas que também me odeiam para validar sua tese até me atingir, sendo que a briga nem era comigo.

Torcidas organizadas são bandos de gente ainda mais perigosa, pois já partem do passional, são liderados quase sempre por gente acostumada com violência e que acaba se tornando uma gangue.  O Gavião é muito mais rival da Mancha do que do Palmeiras e vice-versa.

Só que esses bandos não tem o direito de falar por muitos. Falam porque são grupos e então passam a sensação de coletivo. Ninguém deu alvará para bando algum falar por você. Mas eles tomam de assalto, porque se sentem nesse direito exatamente na medida em que ninguém tem coragem de individualizar o bando.

Existem milhões de mulheres que não suportam algumas causas feministas. Mas elas não estão unidas contra nada, logo, passam sem ser notadas. Existe sempre muito mais gente fora do bando do que no bando. E portanto valida-los como maioria relevante é apenas burrice.

O ser humano não pode ver uma chance de ser mais forte que os outros que ele a abraça. E quando mais forte mais ele ataca.  Somos assim, idiotas por natureza. E se eventualmente você não souber do que estou falando, abra sua rede social.

É hoje o maior bando de todos, a maior concentração de anônimos já vista e também a mais fácil aglomeração de ideias que já tivemos.

O que você faz em bando, você faria sozinho?

Então não faça.

abs,
RicaPerrone