O vilão nosso de cada dia

Thiago Neves é mau. Um insensível que debocha das famílias de pessoas mortas num acidente. Um sujeito que deve ser massacrado porque repostou uma piada que circulava só nas redes sociais da sua casa, afinal aqui fora só tem santo, e por isso devemos tortura-lo.

Vocês sabem o que penso sobre isso. Já postei diversas vezes aqui que se há uma diferença entre o que você é no bar e em público, o problema está no público.

Essa piada seria aceita em QUALQUER mesa de bar. Não porque é escrota, mas porque entenderiam a finalidade dela e dariam risada dizendo, no máximo, “pegou pesado”.

A porra da rede social é isso. Um bando de pessoas dispostas a apontar o dedo e transformar uma opinião num inferno. Não gostou? Ok. Achou de mau gosto? Ok. Eu também achei.

Mas daí a pegar algo que fazemos em nosso dia a dia, que recebemos no whatsapp o dia todo e repassamos e transformar um sujeito num demônio é demais pra mim.

Entre o bar e o instagram, eu sempre vou confiar no que somos no bar. E lá ninguém faria do Thiago um demônio. No máximo diriam que foi pesada, ou infeliz.

Eu não teria feito. Não porque sou mais inteligente do que ele, mas porque sou especialista em rede social e sei que ali estão 100% das pessoas que há 20 anos estavam sem amigos sentadas num canto da escola sozinhas e que passavam a tarde escondidos num quarto escuro com medo da vida.

Ou seja, todo frustrado está na rede social. Logo, todo vencedor é o alvo mais fácil do mundo.

Ele não é obrigado a saber diferenciar rede social do que ele é de fato. Ele treina pra jogar bola, quem treina pra saber lidar coma hipocrisia alheia sou eu.

E embora eu concorde que ele não deveria ter postado, eu não aceito o tamanho da reação.  É mais cruel que a piada. E quem devolve um erro com um tiro é mais estúpido do que quem errou.

Eu não sei que tara é essa que vocês tem de ver as pessoas sendo como elas gostariam que vocês fossem. Mas eu prefiro que elas errem, acertem, mas sejam o que são o tempo todo.

Vai do gosto de cada um. Alguns compram propaganda, outros os fatos. Eu prefiro sempre os fatos.

Se você gosta de famoso enlatado, não reclame do “tudo igual” amanhã. Pois a censura a quem pensa diferente é invariavelmente do bando virtual.

No bar, ninguém teria reagido dessa forma. Logo, está validado a reação real. Sempre o bar. Nunca a rede social e suas barbies de mentira, menos ainda seus haters de vida fútil fazendo coro para massacrar quem produz.

A piada pode ter sido infeliz. O massacre foi bem mais.

RicaPerrone