O prazer da dúvida

Ser sãopaulino, ultimamente, era acordar e dormir com a certeza de que seu time venceria. Por meio a zero, de forma tosca, com jogadas de bola parada, mas… ganharia.

Ser sãopaulino, hoje, é a deliciosa sensação de ligar a tv pra ver um espetáculo, um fiasco ou, talvez, um jogo comum. E acredite, essa dúvida é que move o futebol.

Contra o Grêmio no Morumbi, um dia de Lucas, Dagoberto e até Marlos, o “monotarefa”. Ou corre, ou dribla, ou pensa, ou olha pra frente.

Time imprevisível, pro bem e pro mal. Perdeu pro Avaí, e dai? Faz parte um dia ruim.

É líder do Brasileirão, o que também não diz nada nessa rodada, mas que não era muito previsível diante da demissão anunciada e depois anulada do técnico.

Perde Miranda, perde Alex Silva e tem a melhor defesa.

Joga com 4 volantes, o que é ruim. Mas os que ficam na frente não voltam, e quando pega a bola, correm feito garotos.

Até porque, são garotos.

Enfim, um São Paulo feito em casa e não importado em 100%. Este pode dar frutos, pode não dar, mas é a mais digna e coerente aposta que o clube fez nos últimos 5 anos.

O Grêmio veio ao Morumbi inventar. Renato, que tanto gosto, hoje fez uma linha estranha com Lucio e Gabriel nem pontas, nem meias, nem laterais. Douglas entre eles e Viçosa sozinho na frente. Não, não deu certo.

Pobre celular do Renato.

O São Paulo não é convincente ao ponto de ser colocado como favorito por 4 rodadas. Também não é mais aquele time sem rumo que ontem mesmo não sabia se demitia ou prestigiava o técnico publicamente.

Nem no céu, nem no inferno. Idem pro Grêmio, que ainda aguarda reforços para, aí sim, ser competitivo. O elenco, hoje, é fraco e nem o mais fanático gremista deve cobrar muito mais do Renato neste momento.

A diferença no Morumbi era simples. Você sabe até onde vai esse Grêmio, não faz idéia de onde pode ir este São Paulo de garotos.

Entre o previsível limite técnico e a imprevisível juventude, venceu a segunda.

Se hoje o São Paulo ainda é um time que oscila, um clube meio estranho de entender, com dirigentes um pouco desafinados e um tanto quanto arrogantes, por outro lado é bom ver que, no campo, vencendo ou perdendo, o clube retoma sua identidade aos poucos.

Mais do que títulos, mais do que dinheiro, o que de mais valioso um clube tem é sua identidade. E o São Paulo não pode se tornar “o time que joga feio e ganha”.

Hoje ele ganha, perde, empata. Mas, pelo menos, ousa ser diferente.

O Grêmio? Este eu considero, ainda, “incomentável” antes dos reforços chegarem. Este time que aí está não aguenta o Brasileiro lá em cima. Com alguns reforços pontuais, dá pra brigar.

Até porque, desde quando o Grêmio precisa de muito pra ser um dos favoritos?

abs,
RicaPerrone