O “futebol carioca”

Eu gosto do futebol do Rio de Janeiro. Sempre gostei.  Tem um glamour, uma coisa histórica escondida que não é tão simples de explicar, menos ainda de um rival qualquer entender.

O futebol carioca foi contado por Nelson, Mario, Saldanha, Armando e sempre com romantismo.  Não é uma história escrita à Kfouri, mas sim com paixão acima da razão.

Tem Maracanã, tem o primeiro estádio, o primeiro time dos negros, a grande nação, a elite. É de uma riqueza ímpar nas diferenças culturais de suas torcidas e clubes. Mas nada disso conta no futebol moderno onde a bola entra ou não, e só.

Curioso é o termo que voltou neste domingo.  O “futebol carioca”.

Cafajeste, ordinário, mau caráter.  Um uso desprovido do bom senso e que combato há anos por princípio.   Porque agora o “futebol carioca?”.

Porque não quarta-feira? Porque não em 2010, 2012?  Porque quando em agosto, com Palmeiras na B, Santos e SPFC brigando pra não cair, não existiu “o futebol paulista” nas pautas?

Porque não há “o futebol mineiro” pra exaltar o momento de ambos?  Porque só há “futebol gaúcho” pra falar em futebol catimbado?

Porque nunca existiu, em crise, o termo “futebol paulista”?

Há um prazer incontestável em ver o “futebol carioca” se dar mal.  É um resto cultural de uma rixa boba de um momento onde tudo era só o Rio de Janeiro.

Passou.  O Brasil não olha só pra um dos seus estados e sequer é mais carinhoso com este ou aquele. Dividiram funções, mas elas não apagam a história.

Quando cai o Vasco, cai um carioca. Quando cai o Palmeiras, cai só o Palmeiras.

O Galo jamais levou “o futebol mineiro” a série b, nem levará ao mundial.

O Flu levou a série C. Mas não elevou seu nome em 2012.

Com dois times em situação difícil, onde com certeza um deles será rebaixado no domingo que vem, ele está oficialmente de volta.

Carioca no futebol é aquele que perde por falta de estrutura, profissionalismo e transparência.  Aquele que ganha “por acaso”.

Há um prazer nacional em ver times do Rio de Janeiro em situação ruim.

Se os 4 chegam na Libertadores é “esquema da CBF”.  Quando cai um deles, ninguém mais lembra da suposta ajudinha tão insinuada covardemente nas entrelinhas por aí.

Senhoras e senhores, ele voltou!  Não quando venceu, mas agora, com metade dele em crise, é hora de ressuscitarmos o termo “futebol carioca”.

Até que voltem a vencer todos.  Aí, viram só Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco.

abs,
RicaPerrone