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O Fernandão morreu

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O Fernandão morreu

Faz pouco mais de 2 meses, um acidente terrível de helicóptero.  Causou comoção não apenas nos colorados mas também em todo e qualquer sujeito de boa índole que vê um jovem partir com uma família esperando em casa.

Me lembro que no dia me deparei com muitos e muitos tricolores comuns que prestaram homenagem ao ídolo rival. Afinal, nessas horas, e especialmente nelas, é “só futebol”.

Ontem havia um Grenal, algo que passa um pouco do limite do que é “futebol”.  A tolerância aumenta, o gol vira detalhe e ganhar divididas é mais importante do que um drible genial.

Existe futebol, clássicos, rivalidade e, depois disso tudo, o Grenal. A Coca-Cola mudou de cor por causa do Grenal. O Papai Noel ganhou uma versão azul. E o Sul do país ganhou 2 times enormes e fortes porque o sucesso de um empurra o outro.

Ontem a torcida do Grêmio, que em sua maioria no Beira-Rio era formada por organizados e não pelo público comum da Arena ou do antigo Olímpico, resolveu fazer a mais sem graça das piadas possíveis para o jogo de ontem. Os colorados, revoltados, não jogaram garrafas e nem responderam com um coro grosseiro. Aplaudiram.

Numa ironia das mais inteligentes que pode haver quando um dos lados perde os limites. E mais do que aplaudir, ganharam o jogo, mantiveram a escrita, seguem num momento muito superior ao Grêmio e talvez ontem isso tenha ficado ainda mais claro.

Eu torci pelo Grêmio ontem por gostar do Felipão. Acho que seria legal pra ele voltar vencendo após a Copa. Mas não esperava que o jogo pudesse ser apenas uma resposta educada e pouco agressiva ao triste comportamento pré jogo.

Sim, meus caros. O Fernandão morreu.

E não é porque uma torcida disse isso ou aquilo que muda o respeito, a inveja, a raiva, a saudades ou seja lá o que for em relação ao ex-jogador. Mas talvez tenhamos atingido um ponto final na dúvida de até onde a rivalidade pode chegar.

Porque lá fora houve pancadaria, como sempre. E lá dentro, o claro fim de uma linha que divide o esporte e a paixão.

Pouco importa o que foi dito e por quem foi dito. O que importa, acho, é que talvez esteja na hora dos bons serem maioria dentro do futebol.  Que eu possa ir a um jogo com um amigo rival, sem ter que esconder camisa, sentar do outro lado ou trata-lo como um inimigo de guerra naquele domingo.

Que cenas invariavelmente protagonizadas por torcidas organizadas não sejam mais rotineiras do que o de uma criança que abraça o pai na hora do gol ou de dois rivais que se sacaneiam após um jogo qualquer.

Não é mais uma questão de segurança. É uma questão de espírito.  Pessoas que levam o futebol a este nível não podem fazer parte dele.

A convite oficial dos clubes, menos ainda.

É só futebol.

abs,
RicaPerrone