O “engessado” Botafogo

O Fogão venceu, segue na briga, faz belo campeonato, mas… algo não agradou a torcida, e nem poderia agradar. O time jogou pouco, insistiu nos mesmos lances o tempo todo e ainda contou com alguma sorte pra não ter sofrido o gol no começo.

Torcedor não é bobo e sabe quando algo não está caminhando bem. Os pontos na tabela dizem uma coisa, o time em campo diz outra. Não radicalmente diferente, mas não tão animador quanto a posição no campeonato.

O Botafogo é um time engessado por natureza. Sua rara alternativa era ter em campo Jobson e Maicosuel, tendo 2 chances de drible e jogadas pelo chão. Sem um deles, é fácil imaginar o que o time fará.

Essa dependência brutal de 2 jogadores e a falta opções realmente diferentes no banco complicam a vida do Joel.

É natural que o torcedor (quase todos) fique puto com um time jogando na defesa e achando lances de contra-ataque. Ninguém para ingresso pra isso. O que me faz pensar é se o time dá ao técnico alguma outra alternativa…


Seja como for, na frente é Jobson e Abreu. Não tem como mexer nisso. E se você imaginar que o Abreu é bola alta o tempo todo e o Jobson não tem com quem jogar quando abre pra fazer uma jogada, o time fica absolutamente dependente de 2 jogadas.

Você pode dizer: “Mas o Lucio Flavio não dá!”. Tá, e faz o que? Coloca o Edno? O Caio?

Três zagueiros/volantes não dá! Tá. E faz o que? Deixa os alas presos tendo que levantar na área o jogo todo pro Abreu?

O Fogão avisa o adversário o tempo todo o que vai fazer. Se for nos pés do Lucio, ele vai meter no Jobson. Ele vai driblar e cair, porque não tem com quem jogar.

Se não for isso, ela virá pelos lados e vai ser lançada pro Abreu.

Ponto final! O Botafogo não tem outra jogada.

Você pode sugerir, então, que o Jobson recue e jogue o Herrera. E desde quando o Herrera muda a característica de atacante brigador do Abreu? Pra isso, o Jobson vai ter que jogar entre os volantes do adversário, onde terá menos espaço e menos condições de participar do jogo.

Adianta?

Banco, nessa hora, é fundamental. E quando digo “banco” não me refiro apenas a peça de reposição, pois isso o Bota até tem. Me refiro a alternativa diferente do que está em campo.

Tirar o Abreu e colocar o Herrera é quase a mesma coisa na postura tática do time. Tirar o Lucio e meter o Cajá… não muda quase nada. Aliás, muda! Sem o Lucio o Botafogo perde uma arma importante que é a bola parada. Um time que “vive disso” precisa de um bom batedor, mesmo que ele passe 90 minutos atrasando o time.

O Botafogo pode mais, deveria jogar mais e ser mais ousado. Mas, se você olhar pro banco, considerar que em campo tem uns 5 titulares absolutos e indiscutiveis, o Joel fica sem escolha.

Seu centroavante exige cruzamento, seu outro atacante é driblador e seus meias não são rápidos e nem estão em grande fase. Solução? Bola na área e contra-ataque.

Só.

E mesmo assim, vide passado recente do Brasileirão, dá pra acreditar.

abs,
RicaPerrone