O bonde tem freio

Se em campo o Flamengo segue “sem freio”, fora dele há um setor que continua com o freio de mão puxado. Mesmo com as ótimas investidas da diretoria em condições de trabalho, elenco, técnico e estrelas, o marketing do Fla não consegue fazer um serviço que não diz respeito apenas a ele, mas ao futebol brasileiro.

Uma vez conversando com Casares, vice-presidente de comunicação e marketing do SPFC, ele me dizia que o mercado do futebol deveria, em tese, ser puxado pelo Flamengo no país. Ele vende 50, os outros tem parametro pra saber que valem 45, 40, etc.

Mas, quase invariavelmente, o Flamengo deveria ser o clube de maior receita publicitaria no país, já que tem uma torcida sem igual e uma exposição de mídia muito acima do normal.

Em pesquisa realizada em 2008, onde o Flamengo terminou o ano sem vaga na Libertadores e o SPFC campeão brasileiro, o mês de dezembro registrou uma exposição de marca 40% maior para o clube carioca.

Tais números não são acaso, nem demérito alheio. É simples a conta. Se você tem meio país com maioria rubro-negra, ele tem maior exposição mesmo. No norte-nordeste o Flamengo é uma aberração, portanto, atinge maior espaço na mídia em mais praças que os demais, por isso o número tão assustador.

O que é preciso registrar é que com estes números de mídia o Flamengo deveria ser sempre o “puxador da fila”. Ou seja, ele ganha X, os outros vão ganhando sempre abaix0 dele com patrocinadores.

Simplesmente porque patrocinador paga por exposição. Nem comece o surto com o papo de “meu time ganhou isso, ganhou aquilo”, porque na real o título só serve para que?

Pra expor mais na mídia o clube. Logo, se há exposição, há valor de patrocinio. Se não há, não tem jeito.

E por este motivo considero pequenos eternos pequenos. Grandes eternos grandes.

O Flamengo aceitou míseros 6 milhões por 4,5 meses, que na verdade são 3,5 já que em dezembro não tem jogo.

Daria, sendo bem legal, esquecendo o que vai pra 9nine, e o mes de dezembro, quase 1,8 milhões por mes.  Pra quem sugeriu 30 por esta marca, ou seja, 2,5 por mes, não é algo muito relevante.

O que me impressiona é que o Flamengo agiu com muita inteligencia ao recusar ofertas em março, abril por considerar a exposição de um estadual muito menor do que viria pela frente. Confiou no taco, no Ronaldinho e no Luxa. Todos responderam bem, menos o marketing.

E antes que a gente caia na avaliação simples de que é tudo culpa do marketing, vamos analisar também que o SPFC, tricampeão brasileiro, passou anos falando em 30 milhões e também não conseguiu. Assim como o Corinthians não conseguiu por uma marca só.

Conseguiu na soma, o que aliás, o Fla também conseguirá com BMG e mais um que pode entrar.

A questão é que o valor de um patrocinio master de camisa no Brasil parece ter chegado ao seu limite em torno de 23 milhões. Dali não consegue sair, nem mesmo com o time de maior exposição de mídia, com o jogador mais famoso do país e líder do campeonato invicto.

Se isso não faz o Flamengo vender mais caro do que todos os demais, aí sim, culpa do marketing do Flamengo.

Não há justificativa evidente para explicar como um time que vale naturalmente mais que os outros, estando em alta, pode valer menos.

Ou há?

A venda me parece “é o que tem”. E sabendo que é altamente importante não atrasar salários agora com o time embalado, a Patricia tem que aceitar.  Obviamente se ela tivesse uma oferta de 10, venderia por 10. Só tem de 6, esperando ha 7 meses,  fica por 6.

Não dá mais pra esperar. Afinal, todo planejado foi feito. Time líder, invicto, bem com a torcida, bem na mídia, com Ronaldinho jogando bem e a camisa limpinha.

Se nem assim há comprador a altura, azar do Flamengo, azar do futebol brasileiro.

Pois quando o Fla vende por 10, ninguém tem muito argumento pra sair pedindo 11.

Perde o Flamengo, perdem todos.

abs,
RicaPerrone