Números e mitos

No esporte números são como biquini. Mostram tudo, menos o que interessa. Vettel é tetracampeão mundial de F-1 e isso é um feito impossível de dimensionar.

A facilidade para se atingir tal número, no entanto, não.

Stewart, Lauda, Piquet, Senna, Fittipaldi, Alonso e Prost são alguns dos pilotos que não tem mais títulos que Vettel na F-1.

Todos eles, imagino, pelo menos até aqui, melhores que o alemão. Que diga-se, é ótimo!

As vezes uma ponderação sobre uma determinada conquista torna-se uma crítica ou menosprezo. Não é o caso. Acho Vettel um puta piloto, mas não acho seus números proporcionais ao grau de dificuldade.

Ao contrário do que diziam sobre Schumacher, acho que ele tem adversários sim. Melhores do que ele, inclusive. Mas não há uma corrida com a Red Bull.

E eu chego a essa questão ao ver o garoto subir pela quarta vez no mais alto lugar do automobilismo mundial e me perguntar: “Quantas corridas geniais eu vi esse tetracampeão fazer”?

Duas? Três? Cinco, no máximo?

A F-1 conseguiu tirar do piloto uma parte muito grande da responsabilidade pelo resultado. Ainda assim, são brilhantes. Mas o que você imagina quando se fala num “tetracampeão”?

Vettel é um garoto que vai fazer história na F-1, não tenho dúvida. Aliás, já fez.

É o dono absoluto de uma categoria onde sequer é o melhor piloto na pista. E por isso, só por isso, me incomoda ver o Vettel já tetracampeão mundial.

Neste domingo, onde todos vibraram com a conquista do simpático garoto, eu me senti meio que “enganado”. Como se alguém pudesse diminuir os números dos meus grandes ídolos sem ter metade do trabalho que eles tiveram.

Vettel não tem culpa. Talvez ele seja melhor que o Schumacher e o Senna. Mas ele nunca vai poder provar isso.

A F-1 não deixa.

abs,
RicaPerrone