Nossos meninos de novo

Quando eu era moleque meu pai discutia a seleção de 82 com meus tios e falava dos jogadores como se fossem patrimonios nacionais. Havia respeito, carinho e admiração. A cobrança era parte do processo, mas nunca ofuscou o olhar que brilhava por eles.

Acho que passei a maior parte da minha vida ouvindo a imprensa dizer, copa sim copa não, que a seleção brasileira “não é mais aquilo”, que “o futebol não é mais aquele”, que “nunca mais vamos…”.  E, de fato, raramente temos no futebol o que tivemos um dia.

Mas desde Romário e Ronaldo eu não via o brasileiro olhar pra seleção com euforia. Repare, não falei em alegria. Nós sempre olhamos pra seleção com alegria porque ela invariavelmente vence. Mas com euforia, é raro.

Nós esperamos mais que o gol. Nós queremos vê-los e torcemos por eles. Nem mesmo o patético mimimi dos que acham que torcer contra a seleção é combater corrupção na CBF está mais se sustentando. São irresistíveis.

4×1, lá?! Pelo amor de Deus…  não chega a ser novidade, aconteceu em 2009. Mas pra quem outro dia era colocado como “dúvida” na próxima Copa? Você são malucos. Nunca duvidem dessa camisa. Também não coloquem nela o peso de ser a “única alegria do brasileiro”.  Toda vez que aconteceu, deu merda.

Eles são garotos, moram longe, mas pela primeira vez vejo uma geração de jogadores não identificados com clubes brasileiros serem “nossos”.

A gente sorri quando vocês fazem o gol. A gente xinga o Marcelo quando ele erra mas sem o “eu avisei”.  É só raiva de torcedor.  Nós temos orgulho do Neymar. Nós adoramos o Jesus, e isso se aplica a corintianos e saopaulinos.

É um momento raro. Comandado pelo Tite, o cara que explicou com trabalho como é rápido devolver a coroa a quem nasceu rei. A bola nos ama. E quando a gente sorri jogando futebol, quando temos na seleção “nosso time”, tudo está no lugar.

O futebol precisa da seleção brasileira. E nós, mais ainda.

abs,
RicaPerrone