No banco

Eu não acho Mano Menezes um técnico ruim. Nem achava, até a convocação de Ronaldinho, que estava sendo um trabalho mal feito.  Mas acho, desde então, que o técnico passou a ouvir demais.

Com medo de ser “um Dunga”, trata a opinião alheia com muita consideração.  O oposto extremo do ex-treinador, em campo e fora dele.

Sem critérios, perdido sem saber se monta um time pra 2014, pra 2012 ou pra uma Copa América, convoca e desconvoca sem conseguir uma linha.

Mano não é ruim, nem um fracasso. Apenas não aguentou o tranco.

Hoje, na Inglaterra, foi o pior em campo.

Escalou mal, convocou mal o terceiro “acima de 23”, corrigiu o próprio erro e durante o jogo não conseguiu ver o mais simples problema do time brasileiro.

Se não dava pra entrar, Mano, não adianta meter mais um na área. Não faltava centroavante, faltava quem levasse a bola a ele.

Oscar, sozinho, jogava entre 3 volantes. O México só queria uma bola, e teria mais cedo ou mais tarde conforme nosso desespero fosse aumentando.

Porque Pato? Porque não Lucas, que chega de trás e chuta bem?

Porque tres na frente, um só armando e  2 volantes contra um time que não queria mais atacar?

Vamos sacar um volante e dar força a criação. Mas não, deixou Oscar sozinho e meteu mais um na área.

Leitura errada do jogo, facilitando demais o México que não tinha que tirar as bolas da área, pois sequer chegavam com qualidade.

Mano se perdeu no caminho. Tinha postura, perfil, tudo pra funcionar. Não funcionou, olhando de fora, porque ouve demais, agrada demais, é  pouco convicto do que quer e do que está fazendo.

Vencedores não ouvem quase ninguém, Mano.

Quem ouve demais fica confuso. E se os que estão de fora pudessem de fato ajudar tanto assim, estariam dentro.

Dunga cometeu o pecado de acreditar demais no que fazia. Mano o contrário.

Prefiro o erro do primeiro, se é que houve um erro.

Perder ou ganhar não determina o fracasso de um treinador na minha opinião. Mas como se perde ou ganha, sim.

O Brasil foi buscar o ouro quando deveria buscar também uma lógica de trabalho, coerencia e uma postura mais forte.

Seleção Brasileira não saca atacante pra improvisar meio-campo.  Não tem nos pés do comum Hulk a esperança de porra nenhuma, nem premia jogador vagabundo que chega bebado no treino.

Eu tiraria, até pra poupar.

Não pela medalha, mas pela falta de pulso.

Não é preciso brigar com a imprensa, ser mal educado, nada disso. Mas líder não fala baixinho, não agrada a todos e não explica demais.

Simplesmente lidera.

Não aconteceu. É hora de rever. Ou conceitos ou o próprio treinador.

O caminho tá errado mas tem retorno.

Ainda.

abs,
RicaPerrone