Ninguém tem tantos motivos

Todo mundo quer ganhar a Libertadores. Do mais favorito ao mais vira-latas dos candidatos, todo torcedor em algum momento se pega pensando em “como seria se…”.

Eu já fui em muito jogo na vida e a maioria deles fico na arquibancada que é onde gosto de ver futebol. Já vi times ganharem e perderem a Libertadores, já vi campanhas e vivi, como torcedor, 3 títulos. Há uma receita pra se ganhar Libertadores.

Mais do que receita, há um ritual. Você deve fazer de cada jogo único. E o ambiente em volta dele deve ser absolutamente voltado para o apoio e a “guerra”.  Ninguém ganha Libertadores vaiando jogador. Nunca aconteceu, nem vai.

É como um jogo narrado pelo Galvão. Ele se torna mais importante só de você ouvir o “bem amigos”. Jogo de Libertadores tem que ter algo que te faça sentir que não é “mais um jogo”, e o Botafogo tem feito isso com muita competência.

Da chegada a saída, dos fogos na entrada aos adereços que levam a torcida a condição de parte da vitória, a noite no estádio pode remeter a qualquer coisa parecida com futebol, mas que é claramente uma Libertadores.

Mas não é a mesma coisa? Se pensa assim, não ganhará jamais.

Tem que querer. E querer não é nem 20% do caminho para conquista-la, mas eu diria que é a mais fundamental parte dele. Nunca houve um campeão de Libertadores apático ou que jogou “mais uma Libertadores”. Ou se joga “a última” ou nem entra em campo.

E esse Botafogo que não tem um timaço, nem sequer corre na lista dos favoritos, tem uma coisa a mais que todo mundo:  motivos.

Porque nunca ganhou, porque não é favorito, porque sofre, porque é o time grande há mais tempo sem um grande título após as boas conquistas recentes do Galo.

Porque sua camisa nunca foi devidamente glorificada como merecia pela ausência de títulos tão representativos no seu momento mais glorioso.

Porque sim.

Porque eram chacota, viraram surpresa, depois desafiantes, agora já são mais do que coadjuvantes e porque não, “candidatos a título”?

Não sei sei haverá elenco, técnica, tática ou força pra isso. Mas eu sou capaz de apostar que ninguém hoje tem mais motivos para querer quanto o botafoguense. E se você duvida, sente-se entre eles por 90 minutos.

Eles não cantam, berram. E quando a bola entra, não comemoram. Desabafam, socam o ar como quem dá na cara de alguém que duvidou e espancam o peito dizendo “isso aqui é Botafogo, porra!”, como quem responde a um menosprezo.

É muita coisa entalada. Por incompetencia do próprio clube, em partes, diga-se. Mas não há um torcedor que olhe pro céu e pense “como seria” com mais brilho no olhar que o botafoguense nessa Libertadores.

Não basta. Mas se bastasse, eu teria um favorito.

abs,
RicaPerrone