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“Nem a PM!”

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Aquela tradicional musiquinha de estádio que termina com “ninguém vai me segurar, nem a PM!” tem lógica. Afinal, passados 200 anos das promessas de promotores e chefes de não sei onde que tudo isso iria acabar, cá estamos, andando em circulos.

Mas é simples. Eu poderia falar das diferenças culturais que fazem do paulista mais estressado e agressivo do que outros. Mas ao dizer isso vou causar a ira dos estressados, logo, melhor não. (risos)

A questão é que na jaula qualquer animal fica macho. Bota um poodle no colo pra você ver como ele late. Agora joga no chão pra ver como ele corre.

Clássico é meio a meio. Eu não quero saber de quem é o mando. O mando é do espetáculo, do entretenimento, do futebol. O placar do jogo é só um placar entre os mil clássicos que haverão pela frente.

Bandeiras, faixas, fogos, adereços e afins são coisas que alegram o futebol e tiram o foco de guerra. Quando você tem um show, você aplaude. Quando você tem uma disputa e nada mais, você se envolve só com a “guerra”.

O estádio é pra beber sim! Devolva a cerveja do povo. Domingo é dia de ir ao estádio tirar sarro, cantar, beber, ver amigos, levar bandeira, buzinar na ida e na volta e, também, ver o jogo.

E aí está a questão: Ver o jogo!

Torcedor de verdade vai ao estádio ver seu time jogar. Torcedor modinha vai ao estádio ver seu time ganhar. E torcedor vagabundo vai ao estádio obrigar seu time a ganhar.

Esse tipo de gente, que qualquer cidadão normal identifica, é ignorado pela PM. Porque ela tem medo deles.

Tanto medo que os escolta indo pro jogo, enquanto larga o torcedor comum nas mãos dos que fazem arrastão na porta do estádio.

PM dá porrada em cambista, porque não tem coragem de dar no líder da torcida que está incentivando um grupo a bater em outro grupo.

PM faz seu papel colocando medo em torcedor de bem em São Paulo. No setor das organizadas eles ficam atrás, escondidos, morrendo de medo.

Não tem 2 clássicos em São Paulo porque nós somos um povo, hoje, que não vê mais futebol como lazer.

Vamos ao estádio cobrar e só. Aliás, vamos lá passar nervoso, não relaxar.

Em São Paulo o futebol virou obrigação. Ninguém se diverte indo ao jogo. As pessoas tem medo de ir.

Não é divertido. É tenso.

É prático. É só pelo resultado.

Não tem festa, tem tensão e explosão.

Não dá pra ter 4 camisas na rua na nossa cidade. Sabemos disso, não sejamos hipocritas.

Aqui, quando você ajuda a gritar que “mata um, mata cem”, não se esqueça a consequência.

Você não vai decidir em casa a vaga na Libertadores. Porque você apoiou quem bate, você cantou com eles, você achou legal dar 10% pra torcida visitante, você ajudou a acabar com a festa.

A PM foi covarde quando ao invés de brigar com os bandidos puniu os torcedores de bem. E eles aceitaram,  burramente, e fizeram oposição a PM se juntando a organizada.

Engrossaram a massa errada.

Agora não tem volta.

Futebol em São Paulo é uma disputa entre facções e tipos de pessoas. Não é um programa de domingo divertido pra levar seu filho, rir, beber e comemorar.

Em São Paulo você sai do campo puto, não triste.  Pois só o que te restou foi o jogo. Não teve nada além dele.

Americanos devem ser burros, talvez.  Por isso sabem que o evento em si é tão importante quanto, minimiza o foco apenas na vitória ou derrota.

Aqui, restou só isso.

Graças a PM, que prefere proibir bandeiras do que pegar quem faz mau uso delas.

O jogo é em Mogi por culpa da PM, das organizadas e de todos nós, paulistas estressados que perdemos o foco.

Futebol é a alegria do povo.  Se isso mudou, não foi a toa.

A CBF vai levar bordoada a toa. Ela não escolhe isso, quem passa pra ela o “sim” ou “não” sobre 2 jogos na capital é a PM. E ela disse “não”, de novo.

Pensa na próxima vez que for ao estádio cantar com “eles”. Pensa quando for desfilar achando que está ajudando seu time no carnaval.

Pensa bem. Tiraram sua bandeira, sua festa, sua camisa, sua cerveja e agora seu time da cidade.

O que vem depois?

abs,
RicaPerrone