Não há fórmula mágica

Diziam ser o “CT e o Reffis” do São Paulo que faziam a diferença. Sem eles, os cariocas viraram o jogo.  Depois falaram em técnicos da casa, sem status de estrela. Muricy ganhou a Libertadores, acabou o papo. Inventam todo ano uma fórmula mágica do campeão, sem notar que ela não existe.

Ao perceber que a única coisa clara no futebol tem sido a tendência a times com uma base mantida darem certo, muitos começam a fazer. E assim, quem sabe, tenhamos uma melhora na qualidade técnica do nosso futebol.

Os 4 grandes do Rio aprenderam a lição. Nenhum se desfez, todos viram ano com técnico, elenco e estrelas mantidas. Menos Thiago Neves, mas este não era do Flamengo, logo, sabiam que sairia.

O que me chama atencão é o Botafogo. Não, ele não tem mais time, no papel, do que o Flu, por exemplo. Mas ele tem tido algo que me cativa, chama-se: “trabalho quieto”.

O time foi mantido, o craque ficou, veio um bom meia, voltou um craque que não tem cabeça, porém, tem muita bola e um técnico que, passados 10 anos, ninguém sabe se melhorou muito, se manteve ou se piorou.

A dúvida, no futebol, é deliciosa. Ruim é a certeza de um timeco ou a expectativa insuportavel de ter que vencer todas. O torcedor do Bota, que é o mais pessimista que já vi, deve estar morrendo de curiosidade para começar o ano. E isso faz do Botafogo um time diferente.

Calado, trabalhando, for a dos leilões, sem promessas, sem dívida, planejando e sonhando alto. É assim que deve ser, é assim que o Botafogo tem tentado fazer.

Pode dar tudo errado, mas a tendência apaixonada e burra seria entrar no clima “torcedor” da coisa, vender meio time, brigar com o craque, desmontar tudo e apresentar pacotão de desconhecidos em janeiro.

Não. O Botafogo não fez. Pensou, não torceu. E assim os grandes dirigentes devem fazer.

Torcedor é torcedor porque torce os fatos a seu favor. Dirigente tem que dirigir, e é bom dirigir sempre sóbrio.

Assim comò você, não sei o que vai dar. Mas a dúvida é sinal de perspectiva, o começo de ano de todo grande campeão.

Quem sabe?

RicaPerrone