Não é o absurdo que parece

Eu sei que você deve estar pensando: “Azar do Galo”. E sim, te dou toda razão em pensar assim. Mas vamos adotar a mesma postura de quando no Flamengo: esperar pra ver.

Existe bom negócio e mau negócio. Pagar 1,3 milhões pro Ronaldinho é um mau negócio. Tê-lo por 300 ou 400 mil, não é.

Mas aí vem a questão técnica, tática e disciplinar. E eu te digo que se bem amarrado nem mesmo um Ronaldinho consegue tumultuar tanto quanto parece.

Futebol é resultado e competição no Brasil. E aí mora a “burrice”.  Ele deve ser tratado e vendido como entretenimento, não a toa o Beckham não joga nada ha 5 anos e segue sendo uma das maiores fontes de receita por onde passa.

Você vende sonho, imagens, perspectiva, ilusões. Euforia é produto, dá pra vender e caro. Ronaldinho pode não gerar gols, mas vai gerar, ao menos, euforia.

Gerou na gávea, vai gerar em qualquer lugar.

Não, não acho que ele seja um jogador de decisão. Nunca achei.   E se o Galo não for bastante ingenuo sabe que está lidando com um sujeito que não tem quase nenhuma personalidade. Quem tem é seu irmão.

Nas mãos do ótimo Cuca, uma nova chance. E porque não?

Cabe a algum clube brasileiro contratá-lo após o lamentável “olé” que ele deu pra sair da Gávea?  Não, eu diria.

Mas existe um argumento do outro lado que merece ser ponderado. Dos 4 grandes off Rio-SP, o Galo é o que tem menos mídia internacional e nacional. Os motivos são óbvios e a falta de títulos pode ser causa ou consequencia disso.

Onde Marques e Guilherme foram recentes ídolos, é natural que Ronaldinho Gaúcho cause euforia. O Galo PRECISA de algo grandioso, mesmo que seja apenas uma expectativa sem retorno. Enquanto for expectativa, vende.

Não confio no Ronaldinho, mas sei o quanto futebol é mais do que vencer ou perder. Mais do que ser campeão ou vice e, por isso, pelos últimos 40 anos do Galo, é aceitável a idéia de voltar a ser centro da atenções nacionalmente.  Seja por um craque, uma polêmica ou pelo que for.

É preciso ser protagonista. Ronaldinho transforma um clube em protagonista do noticiario, seja pro lado que for. No caso do Galo, há mais tempo na fila entre os gigantes, cabe essa tese.

Não sei se eu faria, e nem importa. O Galo fez, e o Ronaldinho mostrou que tem mercado apesar de tudo que “não fez” ali na Gávea.

Sem R10, sabemos, o Galo não passaria os próximos 8 meses na capa de nenhum site nacional, a não ser que conseguisse liderar o campeonato todo. Com ele, pro bem e pro mal, estará lá.

Se bem usado, ótimo. Não era o caso do Flamengo, que já tem a mega exposição de ser o mais popular. No Galo, pode ser.

Entre prós e contras, fico com pé atrás. Mas não enxergo só os contras, não.

Ronaldinho e Galo tem muito a recuperar. Porque não juntos?

Se der errado, seguem os dois descendo a ladeira. Se funcionar, ótimo pra ambos.

Talvez o Galo seja o clube que menos “tem a perder” com R10.

Talvez.

abs,
RicaPerrone