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Não basta torcer

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Cada dia que passa, cada programa que assisto e cada vez que converso com um torcedor tenho mais e mais certeza: Brasileiro não ama futebol.

Ele ama torcer, ama seu clube, ama a rivalidade. Mas o jogo em si, não somos capazes de amar. Como aliás, diga-se, esporte nenhum. Fomos criados para torcer e só por isso nos interessamos, o que é um erro.

Quando a televisão passa um jogo qualquer para determinado estado só porque há um local envolvido, ela não está apenas assinando isso como também piorando a situação.

Porque paulistas preferem ver Palmeiras x Vitória do que a Libertadores? Qual paixão é essa por um esporte se é mais interessante secar um rival do que ver um grande jogo?

Porque não conseguimos dar audiência no rádio e na TV quando falamos de todos os clubes? Porque temos que regionalizar para que o torcedor possa entender e gostar daquilo?

Se há um esporte tão maravilhoso e apaixonante, porque abrimos mão de adora-lo em troca apenas de torcer por ele?

Assim como na F-1, nunca vimos um apelo nacional para que se ASSISTA a corrida. Mas sim para que se “torça pelo Brasil” na corrida, o que é mentira, pois na F-1 não existe nacionalidade.

Porque precisamos do Guga pra ver tênis e, em seguida, largamos de vez? Não cabe a nós o interesse em Nadal x Federer?

Porque temos que atrelar nosso gosto esportivo sempre por torcer?

Claro, essa é a parte mais gostosa. Mas não a única.

Esses dias perguntei a amigos jornalistas e torcedores sobre o interesse em ver um Flu x Botafogo no Maracanã.  Ouvi de 90% deles que “foda-se”, como se aquilo não importasse, afinal, não atinge o time dele diretamente.

E nessas horas eu tenho a sensação de estar sempre falando com a parede, pois nunca um torcedor será capaz de entender o futebol como esporte enquanto só aceitar a existência de um clube no mundo.

Se isso desse frutos positivos, vá lá. Mas não. Pelo contrário, só gera porcaria.

Mais agressividade, rivalidade aflorada ao limite, a falta de interesse quando não há seu clube envolvido e o menosprezo ao adversário. A crise em 2 jogos, pois é “inaceitavel” perder, seja pra quem for.

A analise bairrista de quem vê sempre “como o time perdeu” e raramente como o outro venceu, se não for de seu estado.

Na medida em que o torcedor pede isso, a imprensa dá. Quando dá, se tornam torcedores de microfone, e nada acrescentam ao torcedor de verdade.

Será que o futebol é tão chato que não conseguimos amar o esporte e sim apenas a disputa?

abs,
RicaPerrone