Não abandonem o Botafogo

1024px-Mão_MaracanãNão sou botafoguense, mas também não sou atleticano. E tudo que defendi pra um, defendo pra outro desde que me tornei um jornalista mais conhecido.  Tem coisas que não se compra, como uma camisa e alguns milhões de torcedores.

É claro que pro debochado rival os dois são “pequenos”.  No máximo “ex-grandes”. Mas aí o Galo cantou e em 2 anos ninguém ousa discutir mais sua grandeza.

Se um time de fato pequeno tivesse conquistado o que o Galo tem conquistado, já estaria provavelmente voltando pra série B esquecido como um azarão que fez algum grande ser derrotado e humilhado, nada mais.

O Botafogo não vai acabar. Mas poderia.

E se acabasse, talvez, do zero, lá na série D, poderia ser o primeiro e único time grande do país com camisa, torcida e possibilidade de ser vendido de fato.

Mas não vai acontecer. Ninguém vai ter coragem de fazer isso. E então o Botafogo vai trocar a diretoria, montar um time mediocre, subir pra série A.  Passar uns anos disputando vaga na Libertadores, meio de tabela e depois entrar em crise quando algum outro presidente resolver cometer todos os erros possíveis em dois anos.

E aí, vai cair novamente.

E então vai repetir tudo isso. Até que uma alma corajosa não nascida na década de 30 apareça e repense o Botafogo dentro de suas possibilidades, traçando uma meta, um perfil que possa realmente “negociar” retorno com essa gente que hoje pouco se importa.

Não fazendo propagandas na tv de “Seedorf dizendo que veio por causa da torcida”, pois nem a agencia da Dolly faria algo tão vazio e clichê.

O Botafogo não é como os outros clubes. E ele vai retomar seu tamanho quando entender isso e passar a encontrar internamente uma forma de ser grande.

Não venderão como o Flamengo, nem para o tipo de torcedor do Fluminense. Não terão a estrutura de um São Paulo, nem a regularidade de um Cruzeiro.

Não haverá 100 mil sócios torcedores em 2 anos. E a TV não vai pagar pra ele nem metade do que paga ao Corinthians.

Então, qual a solução?

Você.

Enquanto houver um número significativo de botafoguenses esperando por um motivo para consumi-lo novamente, ele terá o seu lugar entre os grandes reservado.

O que não significa que vá sempre fazer bom uso dele. Como não fez em 2014.

A queda menos dolorida é aquela que você tem muito tempo entre o erro e o chão. Essa nem doeu.

Mas humilhou.

Eu vou assistir o Botafogo campeão da Libertadores. Vocês também.

E se for impossível acreditar nisso nesta noite de domingo, assista ao Atlético x Cruzeiro na quarta e lembre-se que o Galo tinha, até maio de 2013,  o mesmo rótulo, o mesmo descrédito, a mesma cabeça baixa e uma diferença: a fé.

Não abandonem o Botafogo.

abs,
RicaPerrone