Nada dá certo

Poucas vezes vi uma seleção tão conturbada. E não me refiro a questão política dos dirigentes porque, insisto, a CBF é uma coisa e a seleção brasileira outra. Apenas pessoas de má fé misturam as duas para desacreditar ambas mirando uma delas.

Hoje o Brasil jogou até que bem. Faltou chute, faltou último passe. Mas o time que a gente queria entrou em campo, dominou tudo, teve uma bola contra e, de mão, entrou.  Fomos roubados. Mas não somos argentinos, uruguaios ou qualquer outro tipo de povo que se defenda. Aqui a gente mesmo se arrebenta.

A eliminação é injusta. Mas mesmo injusta é preocupante e eu diria que determinante. Perdemos 6 caras machucados antes do torneio. Nunca vi isso. E em campo a bola não entrou nem mesmo quando fomos bem. Pior: tomamos o gol roubado mais escandaloso da Copa América em 100 anos.

Não vou colocar nas costas do Dunga esse jogo em especifico porque acho que já tem gente covarde o suficiente pra fazer isso após falar em “jogando bem” até os 25 do segundo tempo e/ou tendo dito que o time que queria era o que foi a campo hoje.

A seleção tá perdendo. Credibilidade, respeito, boa vontade, uma série de coisas. É preciso que as pessoas que fazem mal ou causam dúvida saiam. Do presidente ao treinador, qualquer pessoa que tumultue o ambiente pós 7×1 e alimente uma mídia sedenta por tragédia deve sair.

Não porque perdemos pro Peru. Afinal, dentro das regras básicas, não perdemos e nem fomos eliminados. Mas exatamente pelo fato de que nada dá certo pra nós. É preciso mudar. Tirar a seleção da condição de saco de pancadas e dar a ela pessoas que possam dividir as porradas dos “torce-contra”.

Ou teremos uma seleção olímpica vaiada e inclinada a fazer outro fiasco em casa. Porque é assim que o brasileiro reage. A seleção não é o time que a gente torce, mas sim o time que a gente cobra.  É covarde? É. Mas é assim e não vai mudar.

Jogador convocado vai pra seleção com medo e não mais sambando. Tá errado. É sambando que a gente ganha campeonato.  É rindo em campo e debochando do driblado que somos mais Brasil.  Somos hoje um time de europeus, muito por exigencia de uma imprensa perdida e sem foco, mas também por falta de personalidade de peitar tudo e todos com o que acreditamos.

Mas afinal, em que acreditamos?

Que o Thiago Silva deve ser nosso capitão jogando pra imprensa um problema do grupo na primeira chance e tendo crises de choro num momento de tensão? Que o Tite vai chegar ali e implementar uma super filosofia de treinos a cada 120 dias que revolucione nossa forma de jogar?

Não. Sabemos que não.

A seleção precisa de PAZ. E como disse outro dia aqui mesmo, pouco importa se tem ou não razão. Dunga precisa sair pro bem dele e do time. E o Tite tem que assumir por merecimento.

Só assim teremos uma trégua entre imprensa x seleção. E não adianta fingir que não, pois nós jornalistas manipulamos a opinião popular conforme bem entendemos. Especialmente as grandes emissoras. Enquanto houver um “inimigo” de amarelo, não haverá vencedor.

A seleção merece o melhor. Não em respeito a quem agora ri e diz feliz que “já sabia”.  Mas em respeito a quem dorme chateado em vê-la derrotada.

abs,
RicaPerrone