Muda, FIFA!

Todo esporte evolui. Com ele, naturalmente, as regras se adaptam. O mais conservador deles seja, talvez, o futebol. E aí, acho um erro.

Mudar como a F-1 muda, todo ano, é um erro também. Mas não notar que o esporte mudou quase totalmente e insistir em regras que já causam efeito contrário ao jogo também não é muito inteligente.

Veja você pela Copa, e se quiser, pelo Brasileirão. Aliás, escolha! Todo campeonato hoje é parecido. Ganha aquele que se defende melhor, e ninguém precisa ser muito inteligente pra saber que destruir é algo que não requer nem 20% da técnica do que para construir.

O futebol deveria privilegiar o bom jogador, não a boa marcação.

O jogo, para muitos, se tornou um mero momento de ganhar ou perder, quando na verdade não é nada disso. Futebol é, em sua essência, um lazer. E qualquer evento que valha ingresso deve dar prazer as pessoas, não dor de cabeça.

Futebol foi virando obrigação. Hoje, é quase só isso. As pessoas tem “manual” de como torcer, como odiar, como agir, como apoiar, como cobrar.  Discursos toscos sobre resultados, ignorando a arte e atrelando 100% da paixão pelo esporte ao caneco no fim.

A FIFA precisa rever isso, urgente.

Falam em mudar a bola. Falam em tirar um jogador. Falam em limitar faltas. Não é nada disso.

As faltas na Copa tem sido raras, e mesmo assim os jogos são ruins. A verdade é que o futebol está no caminho que está por 3 fatores:

1- Virou resultado
2- Impedimento
3- Físico

As 3, juntas, dá nisso.

Como você tem que ganhar, não importa como, é possível enfiar o regulamento no campo e não fazer nada além disso. A torcida não vaia mais isso, ao contrário, acha o máximo. Um erro grotesco, facilmente atrelado a nova geração de torcedores, que só pensam em ser “machos”, ganhar, gritar mais alto e seguir o manual de acéfalo do torcedor moderno.

Como você ganha um jogo? Se defendendo bem e achando um gol. É a forma mais fácil e também covarde, porém, a que mais funciona. Pra isso, usa-se a regra do impedimento.

Como eu vou conseguir criar algo se o adversário reduzir o campo a 30% do seu tamanho real? É muito mais fácil destruir neste espaço do que construir. Ponto para os mediocres, é claro.

Como eu vou ganhar a bola num monte de jogadores num curto espaço? Sendo grande, forte. Ponto para os mediocres, de novo.

Se eu tenho um jogador de bom drible, bom passe, mas que não me ajuda a preencher espaços, não serve. Afinal, ele vai usar o passe dele 10 vezes por jogo e a marcação 50.

É uma filosofia simples! Quando se encurta o espaço, a técnica perde para a força.  Se o impedimento gera 2 linhas “burras”, o espaço de jogo real cai em mais de 60% do tamanho do campo. E aí, vai-se a técnica, fica a força fisica.

Tá errado! É um privilégio ao pequeno, ao grosso, ao covarde.

Se liberar, vira zona. Mas, se deixar o impedimento, por exemplo, só dentro da área? Será que dando aos 2 times mais todo aquele espaço de jogo, não seria natural que a distancia entre o marcador e o alvo fosse maior?

Não é normal imaginar que o bom passe valha, novamente, mais do que o gigante destruidor?

Pra que, afinal, o impedimento?

Hoje, onde o futebol é corrido comprovadamente 5 vezes mais do que na década de 60, não há necessidade.

Quanto mais se corre, menor fica o campo. Some isso a evolução tática e a mentalidade simples pelo 1×0, o que pode dar?

Nesta porcaria que estamos vendo ha anos e chamamos de futebol.

Sem o impedimento, Pet jogaria até os 40. Ele e qualquer outro de alto nível técnico. Os brucutus estariam menos fortes, pois não teriam como ficar grudados em alguem o tempo todo, o campo todo.

O drible voltaria a ter força, pois ha espaço pra isso.

Como você dribla alguém hoje se a 2 metros existe outro na sobra? E se passar, o outro está do lado, pois se for adiante está impedido.

Está mais do que na hora do futebol ser reavaliado.

Esta seria minha mudança mais radical, racional e urgente.

A outra?

Eu obrigaria toda rede a ter uma parte dela solta no chão. Porque essa coisa da bola entrar, bater e sair é uma camisinha no orgasmo maior do futebol…

Ela tem que morrer lá dentro, macia, devagar, sem volta. Fazer o goleiro entrar na rede e busca-la.

Não haverá mudança de mentalidade mundial sobre um jogo apaixonante que se tornou guerra. Já era! As pessoas querem ganhar ou perder, pois o futebol passou de lazer a fonte de auto-afirmação.

E se o público não sabe o que está perdendo, cabe aos “donos” do esporte saberem.

Muda já! Antes que seja tarde.

abs,
RicaPerrone