Messi e o delírio

Eu não estou aqui pra falar mal do Messi, por mais que isso seja uma conclusão óbvia a quem não tem razoável capacidade de interpretação. Mas estou, insisto, ponderando essa vontade absurda de jornalistas chupa-gringo de coloca-lo no nível do Pelé aos 24 anos, sem sequer ter jogado uma Copa decente.

Messi é um puta craque. Um dos melhores que vi, ponto. Daqui pra frente, ponderemos, sem interpretar além do que está escrito de fato.

Futebol gera amnésia. E por isso não lembramos de nada quanto vamos defender uma tese, por mais cega que ela seja.

Não exaltar Messi é absurdo. Não aplaudi-lo é patético.  Coloca-lo, aos 24, no nível do Pelé é burrice, tentativa estúpida de ibope e média com uma geração de moleques que só conhecem futebol no video game.

Messi fez pelo Barcelona, até aqui, muito. O mesmo tanto que Romário e Ronaldo, por exemplo. Nenhum deles sequer chegou a ser comparado a Pelé.

Mas é gringo, argentino, portanto, se eu exalta-lo agrido a seleção, os brasileiros e defendo minha linha de reclamar de tudo que temos aqui.  Assim, faço do Messi, que ainda não é Zico, um Pelé.

Faço do craque um dono do mundo, pois esqueço que Zidanes, Ronaldos, Romários e alguns outros também trilharam caminhos parecidos.

Posso sim, com juizo, coloca-lo na lista dos prováveis melhores de todos os tempos. Não posso, porém, aos 24 anos, colocar a minha imginação do que ele “pode vir a ser” como fato incontestável. Se o fizer, faço papel de idiota, vide Ronaldinho, Ortega, entre alguns outros precocemente idolatrados e coroados.

Nada do que ele fizer amanhã apaga o que já foi feito, porém, inegavelmente o que foi feito é ainda bem menor do que os citados Zico, Zidane, Ronaldo, Maradona, Pelé e Romário. Assim sendo, Messi é uma alternativa considerável ao Hall da fama. Não um fato consumado, até por não ter IDADE pra isso. O que não é culpa dele.

Não há nenhum argumento real que possa colocar um menino de 24 anos com razoáveis conquistas na frente de profissionais que jogaram até os 35 e conquistaram o que ele ainda sonha em conquistar. Projeção não é fato. Prognostico não é história.

Pode vir a ser e, pelo Barça, faço votos que seja. Pela seleção argentina, óbvio, não faço. Se fizer estou torcendo contra a minha seleção, algo que a imprensa chupa-gringo ainda não me convenceu a fazer.

Messi caminha para o gol. Para alguns, ele já está comemorando no alambrado. E isso, pra mim, é falta de bom senso, de respeito com quem já fez e com quem é novo, lê e acredita.

Não ouça uma história ser contada por ninguém antes dela ter sido sequer escrita até o final. Essa história é, fatalmente, mentira.

Gosto do Messi, sou fã, e só sendo bastante idiota pra não perceber que o que faço com o futebol argentino é 90% sacanagem.  Mas antes de gostar ou respeitar o talento do menino, respeito o dos adultos que já fizeram o que este sonha em fazer.

“Respeite quem pode chegar onde a gente chegou”, lembra?

Não? Então vote num estagiário da sua emissora para o prêmio de “melhor comentarista” da Tv brasileira. Assim, se não fizer sentido pra maioria, ao menos será coerente a alguns.

abs,
RicaPerrone