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Lições e culpados

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Hoje é um daqueles dias que o futebol deveria ser assunto só de torcedor. Ele iria tirar sarro, ficar putinho, prometer vingança em 2011, etc, mas não ficaria, talvez, tão bitolado caçando bruxas. Como nós, jornalistas, temos que escrever e as vezes não temos O QUE escrever, atiçamos a caça.

“Quem foi culpado?”, pergunta um. “Que lição devemos tirar disso?”, pergunta outro. Só que essas perguntas, um tanto quanto vazias, só são feitas nas derrotas. E aí eu pergunto: “E quando ganha? A culpa é de quem?”.

Porque  o futebol pode ser simples e pouco inteligente pra quem torce, mas não deveria ser também pra quem analisa. Afinal, um cego ouvindo uma descrição errada do que vem pela frente, fatalmente cairá no chão.

O torcedor é cego, alguém os guia, alguém os informa, alguém os incentiva a pensar, endeusar e condenar.

Se o Liverpool faz um daqueles 3 gols anulados por 5 cm no Japão sem estar 5 cm atrás, o Rogério Ceni sairia de lá gênio? A “culpa” do SPFC, por exemplo, ter sofrido diversas chances claras de gol nunca foi discutida porque?

Porque venceu.

No futebol um detalhe muda tudo. E tá na hora de notarmos que este detalhe muda a favor e contra. Portanto, se a favor é “camisa”, “sorte de campeão” ou “méritos”, contra, as vezes, também não é “culpa de alguém”.

O Inter fez 1×0, bobeou, tomou 2 gols relâmpagos de um time de camisa pesada. Essa geração talvez não saiba, mas o Penarol não é um timeco. Pelo contrário, é dos maiores.

Quando seu time vai pegar o Boca, você sabe a escalação e como anda o Boca ou sente “respeito” só por ser o Boca? Então… mesma coisa. Não sabemos o que é o atual time do Penarol, como acho que eles também não escalam o Inter. O mesmo imponderável que já fez o Colorado vencer campeonatos por ai, ontem fez contra.

Como aconteceu, absurdamente, com o Cruzeiro. É “culpa” do Roger? E se o juiz não anula o gol no final e o Cruzeiro passa? Alguém procuraria culpados?

O trabalho do Cruzeiro é brilhante em 2011. Assim deve continuar. Um jogo as vezes faz muita diferença, mas é apenas um jogo. Todo clube tem direito de fazer um jogo ruim e a emoção do mata-mata é exatamente a INJUSTIÇA dele.

O futebol, o imprevisível.

“Ah quero ver a cara de quem disse que dava Cruzeiro!”. Tá bom… você não né? Você jurava por conhecedor que é, que daria Once Caldas? Não, você sabe que não.

Como sabe que o Fluminense sofreu ontem o impacto de ter o que perder, após jogar sem nada nas costas.  Sentiram, perderam.

Culpa de quem? Do Libertad, meu Deus do céu!

Do Once Caldas!

Do Penarol!

Do Universidad!

As bruxas de quarta-feira tem nome. E se não existissem, ninguém ia querer tanto a tal “Libertadores”. Só querem porque é difícil e resolvida com muito detalhe.

Inter, Flu, Cruzeiro e Grêmio tem defeitos e devem ser notados. Porém, me soa oportunismo e falta de personalidade apontá-los agora, por 90 minutos de infelicidade, diante de meses de elogios apenas exaltando as vitórias.

Futebol é um esporte que abre possibilidades diversas e não tem lógica. Isso faz dele encantador.

Se não há lógica nas vitórias, também é possível que não haja nas derrotas.

Foi apenas uma noite infeliz. Só! O resto é tudo teoria da conspiração, diga-se de passagem, repetitiva e mentirosa.

Todo ano ao cair da Libertadores um clube tem seu “ano encerrado” pela mídia, burra, que desmerece o resto e acha que só existe esse torneio.

Corinthians, Inter, Grêmio, Cruzeiro e Fluminense tem o direito de errar. A única novidade deste ano pros anteriores é que desta vez erraram quase todos no mesmo dia.

O que não muda minha opinião sobre o fantástico futebol do Cruzeiro, a épica reação do Flu, o ótimo elenco do Inter e a má preparação do Grêmio, já questionada nas vitórias, inclusive.

Se toda vez que há uma troca de resultados há uma troca radical de opinião, não precisa de ninguém comentando futebol. É só permitir que a opinião coletiva se estabeleça sobre os resultados e, assim, ninguém pensará diferente de ninguém.

Quem pensa com a maioria, na verdade, não pensou em nada.

abs,
RicaPerrone