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Leitura labial

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Leitura labial

Porque discutem, pobres intelectuais da teoria?

O Cruzeiro de férias, campeão, decidiu sem jogar uma decisão. E você, preocupado com justiça, regularidade e mil argumentos de cartilha, achou que seria como?

Justo? Claro que é.

Você concordou em jogar 38 rodadas podendo ser beneficiado ou prejudicado no fim. Tendo no seu adversário um mero figurante ou até mesmo um “rival de alguém” disposto a entregar pontos.

É a regra. A lógica, o simples desfecho de algo mal interpretado, mas bem defendido por muita gente com cara de séria.

O Vasco com isso? Picas!

Entrou, correu, fez o dele e venceu. Porque diabos o Cruzeiro iria “entregar” pro Vasco? São clube-irmãos desde quando?

Me dê motivos.

Não tem.  Tem o desinteresse de um, a concentração absoluta de outro.  O óbvio final é incontestável, mesmo que leiam labios em busca de algo novo.

É dia de Vasco da Gama.

Ainda vivo, num Maracanã que pulsava e tentava ressuscitar o doente que ainda nem morreu.  Uma belíssima demonstração de fé, aliada a uma grande vitória conquistada dentro do campo, na bola, sem responsabilizar o vencedor pelo desinteresse do derrotado.

Fazem capas, leituras labiais, mil distorções do foco pra tentar transferir uma grande noite numa grande polêmica.

É natural. Eles querem um argumento apresentável para, enfim, entregar os pontos sobre a maldita “copia do sistema europeu”.  Culpar o caráter brasileiro seria perfeito, pois os faria ainda mais fortes mesmo concordando com o “retrocesso”.

Aguarde. Você vai encontrar. É o rumo natural da dificuldade em aceitar o erro.

Vasco vivo, muito vivo. Não pelos pontos, mas pela explosão de grandeza que saiu daquele Maracanã nos 10 minutos finais.  Pelas milhares de pessoas que gritavam a paixão pelo clube olhando pro céu, como quem pede um milagre.

Mas aí chegam em casa certos de terem vivido um. E então dizem pra ele que não, pois acharam uma frase perdida que pode transformar o milagre em algo cientificamente provado.

Foda-se.

Não tem ciência que mantenha o Vasco na série A. Mas tem grandeza e fé suficiente pra isso.

Leia meus lábios:  “AINDA DÁ!!!”.

abs,
RicaPerrone

 

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<b>Rica Perrone</b> é jornalista, tem 44 anos, foi pioneiro no Brasil no jornalismo independente online entre outros. Apresentador do Cara a Tapa e "cancelado". com frequência por não ter feito nada demais, especialmente não bater continência pra patota.