Julio, seu merda!

Sabe, Julio, nós não conseguimos lidar muito bem com o “nós’.  Aqui no Brasil temos o hábito e a necessidade de vencer através de alguém e também de achar um culpado quando não vencemos.

Não vencemos sempre, mas nos cobramos como se assim fosse.

Você, o último dos vilões, pagou o mesmo preço que Zico, Barbosa, Dunga e tantos outros bons brasileiros que tiveram suas vidas “destruídas” pela mídia em 1 segundo.

Quando acabou aquele jogo, Julio,  eu temi por você.  Achei que estaria acabada a sua carreira na seleção e que nunca te perdoariam por um erro que nem considero só seu.

Quando eu vi que o único cara a sair daquele vestiário pra dar a cara e assumir a derrota foi você, Julio, eu tive dó. E quando vi uma entrevista sua dizendo que seu sonho era jogar a Copa aqui e poder apagar aquele erro, eu passei a ter uma convicção “Scolariana” de que você seria o cara certo.

Eu também achei que você andou inseguro no começo da Copa. Mas eu não esqueci da Copa América e das Confederações que você me deu. Então, no fundo, eu sempre soube que tinha mais do que um goleiro.

Tinha um cara que queria algo mais e que não brincaria com sua preparação. Que podia errar, mas que como poucos tentaria de novo no cenário mais pressionado possível.

Essa camisa é tão sua, mas tão sua, que o seu reserva te deu um terço pra carimbar sua titularidade.

Você chorou e disse que “não sabemos o que você passou”, e de fato não podemos saber porque somos pedra, não vidraça. É fácil pra caralho ser pedra, goleirão.

Um tricolor e um botafoguense que sempre te odiaram e jogaram na cara dos rubro-negros a eliminação em 2010 chorando abraçados de joelho na minha frente gritando “Ah, é Julio César!”.

Aqueles abutres que acham que jornalismo é procurar culpados olharam pra você antes dos pênaltis e prepararam a pauta: “Julio chorou antes das cobranças. É desequilibrado emocionalmente, não pode ser o titular da seleção”.

Tava escrita a frase no computador de alguns. Corto meu braço como estava.

E você deletou.

Meu goleiro, eu nunca tive dúvidas. E agora ninguém mais tem.

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar!”

Chegou! Sai que é sua, Julio!!!

abs,
RicaPerrone