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Independente na identidade

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Independente na identidade

O desfile do carnaval 2014 é só em março. Até lá vamos ouvir os sambas, curtir ensaios e especular politicagem pra todo lado. Talvez uma ida ao barracão, uma visita a comunidade pra sentir o envolvimento.

Nada demais, afinal, um carro quebrado e tudo vai pro espaço em minutos.

Eu não vou sempre a Mocidade pelo simples motivo de querer preservar a imagem imponente e “perfeita” que faço dela aqui dentro. Ao conhecer qualquer coisa de perto a fantasia vai embora.  Já fiz isso com meu time, não vou fazer com minha escola. A não ser que um dia ela precise de mim.

Carnaval pra algumas pessoas é uma competição. E eu tenho considerável pena de quem o entende desta forma. Mas respeito.

A minha Mocidade é uma escola sem identidade há alguns anos. Com sambas fracos, desfiles horríveis e um afastamento da sua gente impressionante.

Todo ano temos ido pra avenida pra “evitar” o pior. E as vezes a conta bancária da escola determina isso já em agosto do ano anterior. As vezes, não.

Por diversos motivos que não me interessam a Mocidade mudou. E ao mudar, perdeu-se. Quando ela foi pro ensaio técnico de ontem eu tinha medo de estar ouvindo um monte de mentiras sobre os ensaios de rua na comunidade, dos quais não pude ir pelos meus horários na rádio.

Tive medo de decepcionar e ver toda a expectativa gerada por paixão, da volta da Lucinha a empolgação do Dudu, ir por água baixo por mera “falta de grana”.

Mas escola de samba não é só dinheiro. É uma escola “de samba”. E pra isso, ao menos, um bom samba. Enfim, o temos. E com ele, uma reaproximação entre escola e comunidade que é mais importante do que qualquer nota 10 que algum jurado possa dar.

Como sempre digo no futebol, vale o mesmo pro samba: Nada é mais importante do que sua identidade. Times guerreiros correm muito, escolas de samba alegres e inovadores devem sempre, perdendo ou ganhando, inovar e levar alegria.

Escolas tem alma. A nossa é uma estrela, normalmente de neon. Atrás dele toda gente de Padre Miguel. Aqueles 3,5 mil componentes que foram até a Sapucaí ontem dizer bem alto, mais alto que todos inclusive, que a Mocidade está viva.

Eu não sei se nós vamos voltar pras campeãs ou se mais uma vez passaremos a tarde de quarta-feira rezando pra não cair. Sei que a Mocidade está ensaiando como Mocidade, com as pessoas envolvidas e com um sentimento de orgulho que há algum tempo não rondava a escola.

Não basta aos jurados. Mas a mim, basta.

Com muito orgulho eu sou Mocidade. E isso não diz respeito ao que os jurados acham dela, mas sim ao que representa aos seus.

Se o desfile fosse ontem, perderíamos nota em alegorias, fantasias e nada mais. Será daqui 1 mês. Tempo suficiente pra arrumar o que faltar, chamar nosso povo pra perto da escola de novo e, enfim, ver um mar verde e branco contagiar a Sapucaí.

Depois de ontem, posso dizer que, “de novo”.

Isso é Mocidade.

abs,
RicaPerrone