Impressionante

Se imagine Luxemburgo.

Por um momento analise sua vida e carreira, se coloque no lugar do treinador do Vasco, e imagine como seria o natal na sua casa. O que seus pais achariam de você, o quanto você fez e tem pra contar.

Siga imaginando ter dirigido gigantes, Real Madrid, seleção, mudado a profissão e ainda assim ligar a tv e ver pessoas que deveriam aplaudi-lo o menosprezando.

Deve haver um misto de constrangimento pela burrice/inveja alheia com uma dose de magoa. O Brasil é o pior país do mundo para ser reconhecido pelo que você fez ou ainda faz.

Luxemburgo deve ter andado de saco cheio, sim. Toda carreira uma hora bate no teto e quando acontece você não sabe bem o que buscar. Um cara que sonha em escrever um livro quando faz o quinto, talvez, não consiga inspiração pra continuar.  Mas isso é um segredo que 1% das pessoas sabem porque 99% das pessoas vivem criticando as que de fato atingem o que cobiçaram.

Luxemburgo é um marco. O cara que mudou a profissão,  valorizou os treinadores, mudou o status e o nível de profissionalismo da classe.

Ganhou jogando bonito. Jamais pisou nas tradições do futebol brasileiro pra ganhar jogo. Um raro treinador que mistura o placar com aplausos.

Hoje o Vasco não paga salário, não tem estrutura, não tem um grande time e tem uma reação com alguns resultados muito acima do esperado. Enquanto a mídia procura 1 minutinho caridoso pra falar de algo que não seja o Flamengo no Rio, o vascaíno procura uma forma de mostrar ao grupo e ao treinador reconhecimento.

Contra o Botafogo foram 15 minutos finais incríveis que São Januário pulsava como quem vive um sonho. Pequeno, muito aquém do que merece o Vasco, mas beirando o impensável a curto prazo com tal cenário.

Luxemburgo não terá os créditos midiáticos que merece porque não afinou pra imprensa quando espancado. Mas pra um rubro-negro declarado, perseguido por covardes, num clube em crise, com elenco limitado e sem receber, acho que estamos diante de mais um daqueles momentos em que adoraríamos ser Luxemburgo.

Tem gente que nasceu pra fazer história, outros pra conta-la. A maioria pra ouvi-la. Alguns pra deturpa-la por inveja ou amargura.

Fique com as três primeiras e terá a verdade mais perto do seu julgamento.

RicaPerrone