Galo, 42

As vezes o futebol é injusto. Talvez na maioria delas.

De vez em quando nos perguntamos porque diabos sofremos tanto com um jogo. Porque continuar sofrendo se quando derrotado eu juro por Deus ser um esquema de manipulação de resultados?

Porque brigo por eles se eles nem me conhecem?

Porque Galo, mais uma vez, eu devo acreditar em você?

São 42 anos, eu não suporto mais. Tenho tanto medo de um novo fracasso que já pensei até em me arrepender de ter ido até a final.

Eu na verdade nunca entendi porque você foi o escolhido para causar tanto sofrimento e porque eu tinha que escolher justo você pra sofrer junto.

Aprendi que é preciso ter fé. Mas também que persistir num erro é burrice.

Você, Galo, é e sempre será minha maior burrice. Nunca meu maior erro.

Tem uma geração de pais que não aguenta mais contar a seus filhos atleticanos o que seus pais viram. Eles não.

Viram hoje, pela primeira vez, e não conseguirão contar mesmo assim.

Se foi pra viver o que viveram os atleticanos nestes últimos 4 meses, entendi os 42 anos.

Aliás, achei pouco.

Porque ser o mais incrível campeão das Américas em todos os tempos não pode custar apenas 4 décadas de dor.

E são.

Com a mais impossível das histórias a ser contada. Com a mais dramática seqüência, o mais absurdo enredo e o mais feliz dos finais.

Vencer, vencer, vence! Enfim, venceram!

Mais do que ganhar um título, esperaram tudo isso para conseguir conquistar um. Tem diferença.

Por 42 anos me perguntei “porque?”.

Hoje, entendi.

Valeu a pena.

abs,
RicaPerrone