Felizes para sempre

O que faz uma gente lotar o estádio com um time comum, em busca de nada, em situação ruim na tabela e sem nenhuma grande novidade em campo ou promoção?

O que carrega essa gente toda pra lá?

O Flamengo.  Mais do que uma situação, um rival ou uma estréia, basta ter Flamengo com cara de Flamengo e eles topam tudo.

Alguns discutem “o quanto cantaram”, outros “que não venceram”, mas na real o impressionante é a facilidade com que se movimenta essa multidão. Pra um lado e pra outro, diga-se. Do céu pro inferno e vice-versa.

Foram ao Maracanã ver Flamengo. E viram.

Um time que empurrado joga o que não sabe, faz 2×0 e flerta com metas surreais.  A volta do intervalo, o jogo ganho que empata, a bola que não entra e a paz que vira inferno.

O Maracanã que pulsava agora come unhas, briga com ele mesmo entre os que tentam impor incentivo e os que acham que não merecem naquele momento. Essa gente que avalia um jogo do chão ao teto do estádio, ponderando atuações de meias, volantes e torcedores.

“Tamo cantando pouco!”.  Ou os aplausos quando sai o público recorde.  Seja na manifestação que for, a megalomania rubro-negra é diferente de tudo. Eles cantam, empurram, e quando param… se aplaudem! “Que torcida é essa?!?”.

Mas hoje podem reclamar de um lance, um treinador, do empate. O que quiserem! Menos de não terem sido recompensados pelo ingresso.

Se foram lá pra ver Flamengo, viram.  Sofrido, inesperado, lotado, entre o céu e o inferno e sempre te deixando sem saber o que pensar:  Em qual Flamengo acreditar? No do primeiro ou do segundo tempo?

Tanto faz. Cada dia mais me convenço que o rubro-negro vai ao Maracanã mais pelo prazer de enche-lo do que pela certeza de ver o time ganhar. Que aliás, nunca existiu tratando-se de Flamengo.

abs,
RicaPerrone