Exorcismo no Morumbi


“Sai, futebol de resultado! Some daqui mediocridade e gols de bola parada.  Volta pro inferno, mono-jogada!”, gritavam os Deuses do futebol no Morumbi.  Mas teimoso, por alguns minutos, o fantasma resistia e retrucava: “Vô não! Tô aqui graças ao meu senhor Muricy! Vou ficar e vocês vão morrer sufocados pelo Muricybol!”.

Num duelo espiritual com 15 mil testemunhas, o bem venceu o mal.

E com bola no chão, pelos dois lados, por cima e por baixo, ousando dribles e buscando desde o começo deixar muito claro quem manda e quem obedece, o São Paulo fez uma estréia de São Paulo.

Há anos, com resultados ou não, o Tricolor tem uma dificuldade que me incomoda demais. Quando o adversário é inferior e se posta atrás, o time não consegue agredir. Ele só sabe jogar no contra-ataque e na bola parada, coisa de time mediocre que jamais, mesmo lucrando 3 brasileiros, deveria ter sido colocado ali.

Hoje, com um time mais solto e sabendo que encontraria uma barreira, não se repetiu. Agrediu, agrediu, agrediu até fazer o gol. Fez e seguiu agredindo.

Em momento algum o time voltou, sentou no placar e ficou achando bonito dar bicão pro Lucas resolver. Houve futebol por prazer, por instinto.

Resolvido, buscavam mais.  Com chuva, com estréias e não valendo nada, queriam mesmo assim. E isso é que faz do grande tão grande e do pequeno tão pequeno.

É o Botafogo, é só o começo, não vale nada.

Mas é um começo. E se é pra começar, que seja exorcizando essa mediocridade que enfiaram goela abaixo do torcedor em troca de títulos de pontos corridos competentes, jamais brilhantes.

abs,
RicaPerrone