Entre o real e o manual

Eu adoro a frase “nada justifica a violência”.  Ela é linda, midiática, correta, mas absolutamente hipócrita. Qualquer ser humano tem seu limite e quando atingido perde a razão. Perde-la é parte do jogo, inclusive do seu que eventualmente esteja lendo aqui com seu cabelo grande, barba por fazer, feliz pelo Lula e falando em amor enquanto acende o baseado.

A violência é uma forma de resposta.  Dependendo de onde você busca, você a encontra.

O mundo de fadas do manual de convivência ignora algo chamado instinto e outro chamado burrice. Os dois, quando encontram, dá merda.

300 torcedores batendo num cara que torce pro rival? Covardia.

Fulano vai de Vasco na torcida do Flamengo, posta no Instagram tirando onda “to no meio dos favelado”, toma uns tapas e é coitadinho? Não é bem assim. É burro, folgado e correu o risco.

Que tipo de idiota vai a uma torcida adversária PROIBIDO pela polícia e no calor extremo de um jogo de futebol debocha do fato de estar lá sem ser notado? Quando notado, a reação é meio óbvia. Covarde, mas óbvia.

Quem passou por cima das regras pra debochar e “tirar onda” foi a “vitima”. O causador foi ele.  A reação é instintiva, e embora errada, ela é bem comum a mim, a você, a quase todo mundo em num momento de competição e tensão é afrontado e debochado a 1 metro de  distância.

“Nada justifica…”. Justifica, sim!

Não dá razão. Mas explica facilmente os motivos de eventuais agressões causadas muito mais pela burrice do que pela selvageria.

É preciso respeitar ambientes, entender momentos e cenários. Aposto que se eu for na cara de todos os jornalistas santinhos que condenam cada reação de seres humanos expostos a pressão e meter o dedo na cara deles falando da mãe deles, 90% reage com violência. Outros 10% viram as costas e deixam eu ofender a mãe deles.

Exemplares ou frouxos os 10%?

O agressor está errado. Muitas vezes, tanto ou até menos do que a vítima.

O manual de instruções da vida não considera com quem, onde, de que forma e em que momento. Logo, não serve pra muita coisa.

RicaPerrone