Entendeu, Juninho?

A pergunta que eu mais respondo na vida é porque escolhi ser independente do que seguir a carreira tradicional de imprensa numa emissora.  As vezes, até pelo alcance que tenho, é meio estranho não querer estar numa emissora, que é o sonho antigo do jornalista.

Mas óbvio que já estive, óbvio que recebi convites e sondagens de diversas emissoras. E não porque eu sou foda, mas porque tem muita gente ruim e eu carrego algo que eles adoram: patrocinadores.

Eu nunca trabalhei pra Globo.com como hoje também não sou funcionário da BandNews. Eu faço parcerias comerciais no CNPJ e eu que levei 100% dos anunciantes onde estive até hoje.  Logo, se você tem em mente que eu sou alguém que discursa uma coisa e faço outra por ter tido um blog na Globo e uma coluna na BandNews, retire.

Juninho é um sujeito do bem. Eu o conheci, nunca falei com ele sobre política e talvez por isso tenhamos nos dado bem. Nesse processo dele virar comentarista achei absolutamente detestável sua postura e a maioria de suas opiniões.  Todas elas muito políticas, ligadas a uma cabeça esquerdista da qual discordo totalmente.

Mas, mesmo achando uma burrice enorme estragar uma imagem de simpatia de 100% das torcidas pela rejeição até mesmo dos vascaínos, entendi tudo melhor quando conheci a avaliação de quem o cerca.  Infelizmente Juninho não teve alguém muito inteligente pra orienta-lo nessa transição. Ao contrário do Roger, odiado por muitos enquanto jogador, hoje pra mim o melhor do Sportv.

O que há de fantástico nessa história toda é a mística.

Juninho fez comentários absurdos sobre o Flamengo e sua torcida, e lá permaneceu. A Flapress tão aclamada não o censurou. Mas bastou mexer nos coleguinhas …. aí fudeu.

Quando ele disse o que disse sobre setoristas, ele pode até ter errado em generalizar embora eu entenda que a generalização seja um mal necessário para o poder de síntese de qualquer teoria.  Mas ele não mentiu.

Existem, e não são poucos, jornalistas filhos da puta que perseguem pessoas pelo mero prazer de destrui-las. E sim, do lado de cá, afirmo: O fato de estudar e ganhar 1% do que o “analfabeto” do outro lado do microfone ganha muitas vezes gera uma raiva e frustração que é sim descontada com o poder do microfone.

Eu nunca quis fazer parte e sai cedo quando vi exatamente por entender que ali havia o meu ponto de discórdia. O clube, o jogador, o dirigente, nada disso é meu inimigo. Eles são a parte que me sustenta, não a que eu devo ter como alvo.

Jornalista ganha mal porque nenhuma aula explica pra ele na faculdade que quando se tem lados no entretenimento você não faz jornalismo. E se fizer, burramente, vai ser inimigo da galinha dos ovos de ouro. Morrerá pobre.  Ou, com sorte, de vida razoável e sem amigos.

Os mais espertos entendem rápido que trata-se de entretenimento e portanto qualquer perseguição, porrada forte, cara fechada e tratar um jogo como uma crise no governo é de extrema burrice, não serve pra ninguém e piora sua condição no mercado.

Repare que quase todo jornalista que se presta ao ridículo de ser sensacionalista e prejudicar clubes/jogadores tem dificuldade pra encontrar espaço após a terceira demissão quando a emissora/jornal entram em óbvia crise.

Juninho não mentiu. Pela primeira vez ele fez um comentário forte, justo, mas no alvo que ele não podia dar.

No Mundo existem diversos poderes. Nada se compara ao dado a pessoas com 4 anos de faculdade e um microfone na mão. Tanto não que o próprio Juninho fez uso dessa “magoa” ou seja lá o que for pra condenar uma zoeira de uma comemoração sendo que ele já fez gesto obsceno pra torcida.  E em seguida chamou uma torcida de preconceituosa por um jogador que não tem jogado nada ser nordestino.

Ou seja, Juninho tem tanta razão que ele mesmo fez o que condenava. Só que dessa vez bateu na única coisa que determina a relação dentro da imprensa:  o tapinha nas costas.

Ninguém liga se o torcedor gosta. Quem tem que gostar é o editor que babou ovo até chegar onde ele está. E se ele não gostar, você vai parar por ali.

Eles nunca vão brigar com o colega que vai na noite atrás do jogador pra causar problemas na vida pessoal do cara a troco de um clique. Mas pra cima de você quando revela o mistério da emboscada jornalística a um jogador que fulano não gostava, sim.

Olhe a quantidade de prêmios de jornalismo dados a pessoas que você nunca ouviu falar. Eles fazem o mesmo que outras dezenas que você sempre ouve falar. Mas fazem pro chefe, não pra falar com você, torcedor.

Essa relação está falida. Se você duvida, olha pro Desimpedidos que não opina sobre quase nada, não informa nada, apenas leva entretenimento e está ganhando espaço e tubos de dinheiro.  Ok, patrocinado! Mas qual emissora não é patrocinadora dos próprios programas?

Juninho, meu caro, você foi um péssimo comentarista. Um craque de bola. Mas sua passagem pela mídia pode ter servido pra muita gente ver algo que se negam e que é tabu dizer:  desagrade a quem for. Ninguém liga. Mas não mexe com a “turma”.

abs,
RicaPerrone