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Então o que é?

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Então o que é?
An exile Tibetan boy wears a jersey with the name of Brazilian soccer star Neymar as he plays with friends at the Tibetan Children's Village School in Dharmsala, India, Thursday, Aug. 28, 2014. (AP Images/Ashwini Bhatia)
An exile Tibetan boy wears a jersey with the name of Brazilian soccer star Neymar as he plays with friends at the Tibetan Children’s Village School in Dharmsala, India, Thursday, Aug. 28, 2014. (AP Images/Ashwini Bhatia)

Toda vez que falamos sobre algo grandioso no futebol logo dizemos não ser “só um esporte”.  E então as vezes alguma alma muito cafajeste nos pergunta: então o que é? E nós paramos de falar.

É maior. O que exatamente, não sabemos explicar.  Religião? Muito radical e forte, estaríamos atrelando a algo que não é exatamente o que sentimos por ele.   Talvez “paixão”, mas ela não permite que a gente tenha piedade e até torcida pelo rival em determinados momentos.

Então, “compaixão”. Menos ainda, porque queremos esmagar o adversário todo domingo.

Somos malucos, “drogados” em doses cavalares por uma coisa sem igual que nos dá vida, orgulho, motivos, amigos, tristeza, alegrias, lágrimas e nos torna pessoas melhores.

Talvez você daí de longe não consiga entender, e a gente nem se importa. Honestamente, todo seu discurso intelectual sobre o “pão e circo” mostra porque somos nós os cultos.  Cultura é o conjunto de crenças, costumes e atitudes de um determinado povo.  Logo, queira você ou não, o futebol é a maior manifestação cultural do país.  Somos cultos, você não.

O planeta tentou de mil maneiras unir povos, encerrar guerras e fazer do mundo algo voltado para uma só direção. Ninguém fez. Só piora, e o planeta é cada vez mais hostil e pouco amável.  Nós, o futebol, fizemos EUA e Iraque trocarem flores. Nós, o futebol, fazemos países se encontrarem em paz para celebrar um jogo.

Nós, o futebol, fazemos o mundo sentir sem ter que explicar.  Ninguém precisou ir na Holanda contar pra eles o que houve. Bastou dizer que era um time indo a uma final, pronto. Todos entenderam.

Falamos mais de 6 mil idiomas no mundo. O único que todos falam se chama “futebol”.

Os gestos tem significados diferentes em todos os lugares do planeta. Jogue uma bola no chão e terá um conjunto de gestos capaz de fazer qualquer deficiente auditivo passar horas 100% integrado a quem está a sua volta.  Não precisamos falar, mas falamos. Ou melhor, gritamos.

Por um time, contra um juiz, por nossa gente e, pasmem, como hoje, pela gente ao lado.

Porque somos pessoas melhores? Não. Mas porque somos moldados pelo estádio de futebol e ali se molda um caráter como nenhum outro lugar.

Aprende-se até onde você pode ir, o que é fé, o que é perder, o quanto se é inevitável uma derrota, a perda de controle, a força da união.  Aprendemos a nos calar quando derrotados, a vibrar quando vencedores. Aprendemos a abraçar quem a gente não conhece, a juntar gente e transformar-mos num só.  Aprendemos que quando entramos naquele lugar não tem mais classe social, carro importado ou qualquer conta bancária. Queremos todos rigorosamente a mesma coisa.

O futebol integra, ensina, aproxima, nos faz mais felizes. E se aturamos vocês, infiéis, que duvidam disso e/ou consideram uma “perda de tempo”, é porque temos no que nos apegar.  É o sonho de um menino, é o elo entre pais e filhos.  É a razão de ser de tanta gente que não tem mais nada pra celebrar. É o orgulho dos fracassados, o fracasso dos vencedores.

Domingo tem jogo. E enquanto tiver, nós seremos mais humanos, mais reais, apaixonados, apaixonantes e entenderemos melhora vida.

Ah! O que é?

É futebol.

A única coisa que funcionou no mundo até hoje.

abs,
RicaPerrone