Eles vão dominar o mundo?

Quando se trata de EUA e Japão o mundo, especialmente o brasileiro, tem a impressão de que nada pode dar errado. Que onde eles colocam as mãos é um sucesso absoluto. Um breve estudo mais profundo derruba isso na página 3 já. Mas ainda assim, acertam mais do que erram. Sou fã do modelo americano de esporte.  Mas e quem disse que futebol é esporte?

E você, Rica? Acha que o futebol nos EUA vai dar certo?

Essa resposta é bem difícil, mas eu vou chegar nela no final do post.

A primeira pergunta é porque nunca o futebol mexeu com os americanos. A segunda é se realmente fazer um bom negócio pode ser o mesmo que fazer futebol. E se o futebol pode sobreviver numa ilha fechada sem perspectiva de ir além.

É nítido pra alguém do futebol que os americanos não sabem quase nada sobre futebol.  Eles sabem sobre evento, entretenimento, e o grande erro deles é achar que vai bastar.

Basquete é esporte. Futebol americano é esporte. Futebol é futebol.  Eles se recusam a aceitar isso, a entender que existe algo que foge do controle deles e que está estabelecido mundialmente sem o dedo deles.

Tratam o futebol como negócio. Chega a empolgar. Queria mesmo ver um time brasileiro com tamanho conceito de empresa. Mas passa longe de mim querer que o entendimento do jogo seja um balanço em dezembro.

O futebol nos EUA é um negócio e NADA mais do que isso. Tendo o que tenho em mente por “futebol”, não posso cogitar que isso funcione nessa direção.

Ao final do jogo a pergunta é:  quantos hot dogs vendemos? E pra semana que vem, ingressos esgotados?

Tecnicamente o jogo é contraditório.  Você tem o mais alucinante ritmo de jogo do mundo, porque a bola não para em momento algum.  É tão rápido e tão sem técnica que a velocidade com que se perde a bola impossibilita o time de ir em bloco. É um jogo de contra-ataques.

E quem são os pilares do marketing do futebol nos EUA? Jogadores em fim de carreira tecnicamente brilhantes. E eu pergunto a você, caro amigo: Porque diabos eu crio uma forma inglesa de jogar baseada em profissionais de lá, corrido, pegado, trombado e intenso, e coloco jogadores lentos e técnicos para “brilhar” como meu maior investimento?

Eles destroem o próprio trunfo. E como genios do marketing que são – e são mesmo – fica claro que aqui não é um erro de marketing, mas sim de conhecimento técnico.

O engajamento buscado com o “fã” não é pelo jogo, mas pelo evento. E no futebol, ao contrário dos demais esportes americanos, a referência já existe, o mundo em volta idem, apesar de que muitas vezes isso passe sem ser notado por aqui. Eles querem criar um futebol. Não entrar nele.

Todo grande time se mantém pela perspectiva continental.  Ganhar em casa pra sair dela.  Os EUA não tem continente em volta pra disputar nada. E eles ignoram isso porque são “fodas”.  O cara ganha a MLS e vai ser feliz como quem ganha a NBA? Não vai.  A NBA é topo. A MLS nunca será.

Não tem dia seguinte. Não tem pós jogo.  Tem números, correria, balancete, dólares, cachorro quente.  Ações de marketing do caralho, mas que são feitas pra pessoas que não entenderam o jogo ainda, simplesmente porque os clubes não entenderam.

Assistir futebol nos EUA é “experiência”. E por mais que seja fantástico vender isso, é uma tentativa maluca, ousada, quase irresponsável, de tentar converter uma paixão mundial num programa de domingo.

“Ah mas a média de público..”. Pára. A maior média de público do Brasil é a Formula Truck.  Tres vezes a da série A do Brasileirão. Você acha a F-Truck referencia de sucesso ou nicho?

Ou os EUA mudam o futebol, ou o futebol não vinga nos EUA.  Eu não tenho dúvidas do que vai acontecer se continuarem a tentar vender feijoada sem feijão.

Futebol é paixão. Trata-lo como negócio pura e simplesmente é como desrespeita-lo.   Ele não fala, mas responde.

Os EUA são a segunda maior potência mundial.  A primeira é o futebol.

abs,
RicaPerrone