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Ele já pode morrer

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Ele já pode morrer

Que me perdoe o Michel, eu deveria falar de hoje. Mas ele vai entender.

Ontem em Buenos Aires já no fim do dia, quase hora de ir pro estádio, encontrei um amigo. Ele deve ter seus 40 ou 50 anos, nã0 sei ao certo. Tem um filho de uns 17 anos.

Não o conheço profundamente. Somos de estados diferentes e embora nos consideremos amigos pouco nos falamos. Ontem ele tinha tomado um goró, estava feliz da vida, rindo de orelha a orelha e a bola nem tinha rolado.

Meu normal seria tensão naquela hora. Faltam horas, e ele ria, leve, feliz. Como se o jogo nem existisse.

Perguntei da partida, da ansiedade, e ouvi uma aula do que entendo ser futebol e do porque ainda o amo tanto. Ele me disse que hoje poderia morrer.

Que naquele dia o filho dele tinha ido de onibus a Buenos Aires num perrengue pra ver o Grêmio, que estava com ele tomando uma e fazendo churrasco fardado com as cores do clube que agora é oficialmente um elo entre eles.

“Minha continuação tá ali, Rica”. E apontou pro garoto com um ar emocionado de quem vê a filha se casar.

E via.

Era seu guri “de noivo”, usando as cores que ele escolheu para declarar seu amor eterno e incondicional ao único casamento que não há “poréns”. O com o clube do pai.

Eu respeito quem tem pai que torce pra outro time. Mas acho um desperdício tremendo.

Esse amigo me fez lembrar horas do jogo que eu deveria esquece-lo. Porque na verdade, como sempre, o que menos importa num jogo de futebol é o que eles fazem dentro de campo.

O futebol está sempre em volta do campo. Ali dentro é só pretexto para, por exemplo, esse pai poder abraçar seu “guri” e dizer “te amo moleque! Voce me enche de orgulho. Agora que tu já és um grande gremista, já posso morrer!”.

Morre não, irmão. Ainda tem você, ele e o neto pra entrar na Arena juntos um dia. E então insisto: Que diferença faz quem está em campo quando se tem isso fora?

Viva o Grêmio!

abs,
RicaPerrone