“Desastres” que aplaudimos
Eu me lembro bem. Era 1990 quando um amigo do meu pai contou de todo projeto norte-americano pra ser uma grande liga de futebol em 10 anos. Estávamos num jantar e ouvi aquilo como que duvidando, mas temendo.
Ele dizia que se não tivessemos uma mentalidade capitalista no futebol, tentaríamos algo impossível e faliríamos. Mal sabe ele o que significa fazer algo pra ganhar dinheiro num país onde ganhar dinheiro é anti-ético.
Americanos não jogavam futebol. Só que há alguns anos um grupo MUITO capitalista meio que “comprou” o futebol do país e resolveu explorá-lo. Igualzinho, só que com doses muito mais fortes, do que a Globo faz aqui. Escolheu estádios, horários, o que podia e o que não podia.
Achamos do caralho, numa crise de identidade terrível, já que não toleramos isso sob hipótese alguma no nosso país. E então, quando este país que planejou em 1994 ser um dos finalistas da Copa do Mundo chega a 2014 e mais uma vez não consegue, exaltamos e dizemos: “Eles estão chegando…. belo trabalho!”.
E viva os EUA!
Só que neste período tem um país que não joga basquete. O nosso. E entre as mil tentativas cafajestes de ergue-lo e torná-lo algo popular e de relevância interna, a principal é quando ligamos a tv e a mídia diz: “Tem que apoiar o esporte amador!”. Aí a Rexona da vida apóia, e a mídia não fala o nome dela.
E quando a coisa começa a encontrar um rumo melhor, com cobrança por resultados, jogadores na NBA e considerada a terceira favorita a um Mundial, nós eliminamos nosso maior rival e em seguida perdemos. Um apagão, sei lá! Não entendo de basquete, nem gosto de basquete! O ponto não é esse.
Mas no exato minuto em que acontece com nosso basquete o que achamos “do caralho” o futebol norte-americano fazer, detonamos tudo em críticas de quem, como eu, nem toca no assunto o ano todo.
Os caras foram longe não porque não poderiam ter ido além. Mas porque vivemos num país que não joga basquete. E sim, caro leitor, eu sei que estou usando uma generalização como forma de expressão. Não precisa me mandar e-mail dizendo: “Eu tenho um tio que joga basquete”.
Eu não sei o que mais me deixa confuso num dia como hoje. Se a mídia que esconde patrocinadores contestando o resultado ou se exigirmos de um time de um esporte que não é nosso forte ser semifinalista num mundial.
abs,
RicaPerrone