Decisão que não decide

Era “final antecipada”. Não, não era. Não antecipa-se algo que não existe.  Em campeonato de pontos corridos não tem decisão agendada. Pode ser hoje, daqui 1 mes, contra uma zebra ou seu maior rival.  Pode ser um jogo facilitado, uma grande vitória ou um empate heróico. Contra quem, só Deus sabe.

Cruzeirenses toparam o rótulo de decisão por saber o que tem pela frente. Botafoguenses, por mera fé no imponderável.

O otimismo cruzeirense contratasta com a desconfiança alvi-negra. Eles queriam decidir, e decidiram.  Mesmo que nada esteja resolvido.

O Botafogo sabia que lá seria uma proeza conquistar 3 pontos. Até um já seria grandioso.  Mas o mesmo botafoguense que sabe disso também sabe que nas próximas 2 rodadas o Fogão é favorito e o Cruzeiro, não.

Então, a decisão era pro Cruzeiro.  Quem precisava vencer a qualquer custo nesta noite era exatamente aquele que venceu.

3×0, não, não explica o jogo. Longe disso. Foi muito equilibrado, alto nível técnico dos dois lados. Qualquer resultado seria aceitável. O elástico 3×0 é muito mais consequência de detalhes do que reflexo de uma diferença que não existiu neste nível.

Detalhes que decidem um título. Portanto, decisivos.

Mas não decidiram.

Ou melhor, decidiram que é o “favorito”. O “time a ser batido”.  Não ainda se ele foi ou não.

Decisões em pontos corridos são como “lutas do século”. Toda hora tem uma, no mesmo século.

Esta, do século desta semana, deu Cruzeiro e muita fé a tal da “China Azul”, como eles gostam de ser chamados. Dará, também, um golpe duro no já pessimista botafoguense, que mesmo sem revelar a público, esperava a hora de “cair na real “.

Não caiu. E desconfio que nem cairá. São os dois times que merecem brigar por essa conquista sem figurantes em volta, tamanha a distância entre o que apresentam para os demais.

Não acabou. Mas o Cruzeiro venceu a decisão.

Aquela que não decide. Mas que é decisiva.

Do penalti que não entrou, mas foi. Do que não foi e entrou. Do golaço de um volante, do banco de reservas mais prepotente do país, um jogo que pode se tornar, daqui a 2 meses, “o jogo do título”.

Ou não.

Decidimos isso em outra decisão. Esta, o Cruzeiro venceu.

abs,
RicaPerrone