Corrigindo rumos

Para alguns, copiar as fórmulas européias é a grande solução para os problemas do futebol brasileiro. Para outros, menos preguiçosos, busca-las criativamente é o grande desafio.

O Brasileirão fez seu teste com os pontos corridos por anos até detectar que era preciso apelar para os clássicos no final tentando evitar que o resultado fosse “facilitado” por algum interesse, ou falta dele.

Fez, e com isso disse a televisão e patrocinadores que das suas 30 atrações principais no campeonato de 38 rodadas (os clássicos), apenas duas rodadas teriam a “honra” de tê-las como destaque.

É uma das burrices comerciais mais absurdas que já tive notícia. Em resumo, pegaram as maiores atrações do campeonato que podem ser desmembradas e vendidas e transformaram em duas rodadas cheias de time de férias e cheio de clássicos sem valor.

Mas é uma burrice necessária, pois o pontos corridos já provou sua ineficiencia esportiva no Brasil. Entre ter um campeão por exclusão e um que ganha até o fim, a CBF e a tv optaram por remediar a “doença” com os clássicos.

E agora, cansados do efeito do remédio, tiram a dose. Vai dar merda, é óbvio que vai. No final vamos discutir por semanas o interesse do time reserva do X não ganhar do Y pra não dar um título ou uma vaga ao rival.

E não, isso não tem merda nenhuma a ver com honestidade. Tem a ver com as coisas como são, e gremista nenhum venceria o Vasco para ajudar o Inter sem ter nada na tabela pra buscar.

A cura da doença não existe. Todo formato tem problemas, mas é bem claro que na reta final apenas o confronto direto, chamado de mata-mata, elimina a discussão sobre a honestidade do confronto.

Erros do arbitro já notamos ser protagonista nos dois casos. E como diz a lenda, “faz parte do jogo”. Entrega-entrega não faz, ou, se faz, não deve ser determinante pra decidir o grande campeão.

A Globo quer o mata-mata, pois é ela que organiza e vende. Sabe o tamanho da cagada que fizeram ao assumir o atual formato, tanto que está vendo nos seus números um problema e tentando resolver junto a CBF/Clubes.

E aí você, que já não tem mais por onde defender o que claramente não funcionou, dirá que “já temos tantos campeonatos em mata-mata, porque não o Brasileirão em pontos corridos?”.

Verdade. É um argumento tão bom quanto eu sugerir que você passe a comer num restaurante ruim uma vez por semana. Afinal, já come bem quase todo dia.

abs,
RicaPerrone