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Clichês

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Clichês

Dizem que a internet deixou o ser humano mais estúpido. Covardia. A web como ferramenta não faz do usuário dela um imbecil. Pode ser usada por ele para fazer imbecilidades, nunca o contrário.

A verdade é que a internet expôs o que desconfiávamos mas não tínhamos como provar: somos um bando de hipócritas.

E provamos isso quando consumimos com loucura as redes sociais após séculos dizendo “não se importar com o que os outros pensam”. Mentira. Bastou poder expor sua vida para o mundo e quase todos o fizeram.

Likes, seguidores, tanto faz. A moeda é a aceitação. E para quem jurou não se importar, ficou caro.

Frases como “eu falo mesmo”, “eu banco o que falo”, “não preciso de indireta pra falar as coisas”, “o povo assiste porque é só isso que tem”, “se dessem opção eu assistiria conteúdo de qualidade”, jamais foram tão constrangedoras.

Não passamos a ser mais politizados porque discutimos política. Nós passamos a brigar por lados. Isso não fez de nós pessoas que foram estudar o assunto ou se informar sobre ele. Apenas passamos a gritar sobre.

Reclamamos da tv, do conteúdo, da música ruim. E se um dia pudéssemos ter todo conteúdo do mundo nas nossas mãos e escolher o que consumir?

Temos. E consumimos a mesma coisa que nos empurraram quando não tínhamos escolha. A web promove risos, cenas absurdas, gente fazendo bobagem e possibilidade de julgamento a terceiros em massa.

Conteúdo? Não. Era mentira nossa. Nós queremos o BBB seja ele a única opção ou uma das milhares.

O poder de andar em bando sem ter amigos. A força de ser parte de um grupo sem conhecer pessoas. A web nos abriu esse leque e quase toda minoria se tornou maioria. Não pela quantidade, mas pelo barulho.

Hashtag qualquer um faz. São falsas comoções, falsas audiências, terríveis enganos sobre celebridades. Basta uma hora na web e você jura que o MasterChef é assistido por todas as pessoas da terra. Mas não. Dá 5 pontos no ibope…

Nos achamos engajados por subir uma campanha de “somos todos alguma merda”. Mas quando roubados escandalosamente, brigamos entre nós, não contra eles.

Há no youtube todo conteúdo do mundo sobre os mais diversos assuntos. O que dá audiência são as mesmas musicas do rádio, os mesmos vídeos divertidos da video cassetada e os youtubers nos fazendo rir do cotidiano.

Nós sempre quisemos a liberdade para falar e ver o que queríamos. Um dia ela chegou, e nós mostramos que queríamos mesmo era aquilo que já tínhamos.

Somos os mesmos. Só que agora não temos mais como mentir. Vivemos para mostrar pros outros, ser aceito é nosso maior bem e aquele garotinho(a) que queria ser popular na escola ainda tá aí. Só cresceu e saiu da escola. Mas a meta é a mesma. Sempre foi.

abs,
RicaPerrone