Case-se com uma petista

Se houvesse o Partidos dos Trabalhadores na década de 40, Amélia jamais seria tema do célebre samba de Mário Lago e Ataulfo Alves.

O segredo da felicidade ainda é desconhecido pela humanidade, mas o de um casamento “para sempre” e com amor incondicional, já está revelado: case-se com uma petista.

Ela será sua mais fiel companheira e guarda costas aconteça o que acontecer.

Será a única mulher capaz de ter total entendimento sobre sua paixão por futebol, já que ela tem também um “time do coração” que desequilibra sua lógica e a transforma numa irracional agressora em qualquer discussão racional.

Duvidará dos seus amigos, dos seus parentes, mas nunca de você.

Quando bêbado em casa as 3 da manhã, lhe dará banho e café. Se você eventualmente estiver com marcas de batom no colarinho, ela se convencerá sozinha, sem sequer te questionar, que foi um esbarrão no metrô.

Te olhará com ternura até nas suas mais grosseiras ofensas durante uma briga. E quando acabar, assumirá a culpa mesmo se não for dela e lhe dará colo para que saiba, aconteça o que acontecer, que ela estará sempre ali.

Pode traí-la, não tem problema. Ela entenderá sem rancor ou magoa que “foi necessário”, que é “uma necessidade masculina” e que é assim mesmo. Se convencerá a sorrir novamente repetindo pra si mesma que “se fosse com outro seria mesma coisa ou ainda pior”.

Os vizinhos falarão de você, ela virará a cara para todos eles e seguirá ao seu lado. Até que um deles lhe prove suas mentiras e sua verdadeira face, e então ela vai sugerir trocar de vizinhos.

Até que um dia você chega em casa alterado e numa discussão qualquer lhe enfia a porrada. Em pânico com as possíveis consequências do seus atos criminosos você se desespera, chora, pede perdão. E antes mesmo de conseguir se explicar ela o abraça e leva gelo para suas mãos, talvez machucadas do golpe em sua cabeça.

Você é preso. Não porque ela quisesse, mas porque o vizinho denunciou.

Ela te visita pelos próximos 30 anos sempre levando seu prato predileto. Na cadeia você muda de religião, de sexo, de opinião e até de parceira. Mas ela continua casada com você.

Numa das visitas a apresenta pra sua nova esposa, uma jovem muito mais bonita e elegante, embora pareça ser o oposto de tudo que você sempre disse gostar. Ela o entende, a cumprimenta e vai embora se perguntando “onde foi que eu errei?”.

A pergunta é onde foi que você não errou, querida.

abs,
RicaPerrone